sábado, 4 de setembro de 2010

A dura vida nos engenhos do Brasil colonial


Escravo sendo castigado. Debret


A difícil vida dos africanos  que vinham, de forma compulsória, para trabalhar na América portuguesa, já era terrível durante a viagem de travessia do Atlântico. 
A travessia do "Atlântico Negro" durava mais de dois meses. Espremidos nos porões dos navios negreiros ou tumbeiros, milhares de homens, mulheres e crianças suportavam calor, sede, fome, sujeira, ataques de ratos e piolhos, surto de sarampo ou escorbuto. Amontoados nos porões,durante o percurso eles tinham de permanecer sentados, acorrentados uns aos outros e com a cabeça inclinada. Muitos não resistiam, e acabavam jogados ao mar. 
A chegada ao Brasil significava o fim de uma longa jornada de horror. No entanto, era apenas o início de outras tantas atrocidades que o escravo ainda teria de enfrentar.
Chegando a colônia os sobreviventes, eram encaminhados para grandes armazéns, onde seriam negociados.
Eram eles que realizavam quase todo o trabalho: na lavoura, nas casas, na exploração mineira, nos serviços urbanos, no transporte de pessoas e mercadorias. Trabalhavam até o limite máximo de suas forças.
Nos engenhos, por exemplo, a jornada diária  de trabalho durava de 14 a 17 horas, sob a vigilância dos feitores, que tinham ordens de castigar os "preguiçosos".
Os castigos, aplicados em público para servir de exemplo aos demais, eram cruéis: açoite, amputação, palmatória, tronco, máscara e coleira de ferro, correntes com peso. Considerava-se o castigo físico um direito e um dever dos senhores.
Os escravos urbanos tinham maior liberdade de locomoção e muitos trabalhavam sem a restrita vigilância dos senhores. Havia senhores urbanos que cediam em aluguel seus escravos a outras pessoas, como também eram uma fonte de riqueza importante, pois exerciam ofícios recebendo uma remuneração que revertia para seus donos.
Os escravos de ganho conseguiam às vezes guardar parte dos rendimentos que recebiam e assim, após décadas de poupança, foi possível a alguns comprar a sua liberdade. Alguns escravos libertos,  adquiriram escravos para si.
Vendedor de Leite. Pintura de Debret.
Fonte: asminasgerais.com.br
Os escravos reagiram de diversas formas à escravidão: com vinganças contra os feitores, sabotagens, revoltas e fugas. O escravo capturado era marcado com ferro em brasa, no peito ou na testa, com a letra F (fujão); ou, então, amputava-se alguma parte de seu corpo - a orelha ou o pé, por exemplo.
Mas havia também os que conseguiam fugir e formar quilombos. o maior deles foi o Quilombo dos Palmares ( na região dos atuais estados de Alagoas e Pernambuco), que conseguiu reunir cerca de 50 mil quilombolas entre 1630 e 1695.   
O tráfico negreiro provocou um dos maiores deslocamentos populacionais da história da humanidade. Os pioneiros nesse lucrativo negocio foram os portugueses, seguidos pelos espanhóis, atraídos pelo comércio de escravos e pelo ouro. Os espanhóis foram ao papa reivindicar o direito de também fazer negócios na costa africana. No entanto, foi confirmada a primazia lusitana.
Os portugueses foram senhores absolutos no tráfico ao longo de todo o século XVI, quando a conquista da América aumentou a demanda por escravos. No interessante livro História Geral do Brasil, Francisco Teixeira da Silva, coloca que a escravidão para os portugueses, era considerada justa por  trazer os infiéis para a Igreja, instituição forte  em Portugal. Inicialmente os portugueses escravizavam os mouros para trabalhos domésticos e nas lavouras; mais tarde vieram os canários  (moradores das ilhas do atlântico norte, Canárias),utilizados nas ilhas dos Açores,Madeira,São Tomé e Cabo Verde, nas lavouras de cana-de-açúcar, por fim, os negros, tomados na costa d'África. A partir do século XVII aparecem também os franceses e ingleses, para fazer concorrência aos ibéricos.
Nesse momento, o tráfico transatlântico já havia se transformado em uma indústria, que iria crescer cada vez mais, até atingir o ápice no século XVII, e seu declínio no século XIX, com a proibição do trânsito de navios negreiros no Atlântico.

A seguir algumas gravuras de Jean-Baptist Debret.
Paris, 1768 a 1848. Pintor e desenhista francês. Integrou a Missão Artística Francesa (1816), que fundou no Rio de Janeiro. Publicou Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil (1834-39). Nessa obra Debret reflete forte influência do iluminismo francês, pois, não preocupa-se em apenas retratar batalhas, mas mostra aspectos da natureza, do homem e da sociedade brasileira do início do século XIX, retrata seu cotidiano,seu povo,seus costumes,sua expressão, suas festas. 




Escravo no Pelourinho. Debret
                           Fonte: trilhahistorica.blogspot.com



Escravos transportando um proprietário em rede. Debret
Fonte: Tg3.com.br


Fonte: Portalsaofrancisco.com.br


Escravo castigado com palmatória. Debret
            Fonte: contoseafinslucianesilva.blogspot.com

Debret.
                                                                              Fonte: galeriaphotomaton.blogspot.com


Debret aves.jpg.
                                                                            http://www.pintoresdorio.com/




Escravos para serem vendidos no mercado    
Fonte: lab-eduimagem.pro.br                                                                 

                                             

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Açúcar, riqueza, tirania e sofrimento

Amostra do trabalho em um engenho de açúcar no Brasil colonial
Fonte: blog.educacional.com.br

Os engenhos de açúcar

Enquanto o Brasil era colônia de Portugal, os engenhos de cana de açúcar foram um dos pilares da economia. Estavam principalmente na faixa litorânea das capitanias do Nordeste. Foram eles que produziram a riqueza, a glória e o orgulho da Coroa portuguesa, mas também a tristeza, o sofrimento e  muitas vezes ceifou a própria vida de milhares de escravos submetidos a duras e desumanas condições de trabalho.
Fazia parte do engenho  as terras para o plantio da cana, a casa-grande para a moradia do senhor e sua família, a senzala, onde se concentravam amontoados os escravos, uma capela e a casa de engenho, onde se desenvolvia o trabalho. Havia ainda as terras ocupadas pelos canaviais, pela agricultura de subsistência e pelas pastagens para o gado. O proprietário de um grande engenho podia , muitas vezes arrendar parcelas de sua propriedade a empreendedores menores, os lavradores, que pagavam aluguel pela utilização da terra. A vida nas capitanias giravam em torno  dessas unidades de produção. Engenhos de porte médio contavam com 50 a 80 escravos;  nos grandes podia haver mais de 200 escravos. Da população do engenho também faziam parte alguns trabalhadores livres como o  temível feitor  e os "agregados"  homens livres e pobres que viviam para servir o dono do engenho. Havia, também, os encarregados das atividades mais qualificadas como o mestre-de-açúcar, responsável pela qualidade  final do produto, o purgador, encarregado da purificação do açúcar, e o caixeiro, que separava, pesava e encaixotava o produto, todos recebendo pagamento pelo  trabalho prestado.
Dos diferentes tipos de engenhos  que existiram no Brasil colonial, dois se destacavam: o engenho real, movido a energia hidráulica, o mais produtivo deles, e o trapiche, movido a tração animal, de menor produtividade.
A  fábrica de açúcar compreendia as máquinas e as instalações, como:

  • A casa da moenda - abrigava a máquina de moer cana, que funcionava com força hidráulica, no caso dos grandes engenhos; nos demais com juntas de bois. A cana era esmagada, para dela se extrair o caldo, a garapa.  Esse era colocado em tachos de ferro ou de barro e levado por uma calha, até a casa das caldeiras.

  • Casa das Caldeiras - O caldo da cana era fervido para ser depurado e transformado num melado. Esse melado era disposto em moldes cónicos de argila cujo fundo encontrava-se parcialmente vedado por uma folha de bananeira, por cujas frestas escorriam suas impurezas.

  • Casa das formalhas _ Destina-se a fornecer o fogo necessário para as caldeiras onde o caldo da cana era cozido, esfriado e condensado, a partir do qual se obtinham o melado e a rapadura.

  • Casa de purgar - o produto, já sólido, era posto para secar, eram os chamados " pães de açúcar". Esses "pães" eram quebrados em torrões, pesados, encaixotados e enviados à Europa.
Um engenho produzia anualmente entre 45 e 150 mil quilos de açúcar. É interessante notar que a agricultura canavieira tinha um caráter extensivo: o crescimento dependia de cada vez mais da posse de terras.
Na época da colheita, os engenhos funcionavam ininterruptamente de 18 a 20 horas por dia. O trabalho era febril, rígido e disciplinado, e o cansaço tão grande que muitos homens chegavam a adormecer durante as longas e terriveis horas de trabalho. As taxas  de acidentes eram altas, chegando a provocar a morte de muitos africanos.   
Até a metade do século XVII, a colônia portuguesa liderou a produção açucareira mundial. A partir de então, problemas internos - como secas e a destruição de engenhos nordestinos durante a Insurreição Pernambucana - e, mais tarde, externos - como a forte concorrência dos produtos holandeses da região das Antilhas - provocaram a lenta decadência da economia baseada no açúcar. No fim do século XVII, outros produtos, como o tabaco e o couro, passam a ser exportados. Mais ou menos, nesse tempo, os bandeirantes Paulista encontram ouro em Minas Gerais.    

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A Extrutura sócio-econômica do Brasil colonial

Foto de parte de um engenho de açúcar.
Fonte: infoescola.com

Os sofisticados mecanismos da máquina de moer cana eram movidos pelos bois atrelados á grande alavanca. Em geral havia um machado por perto. Se o escravo ficasse preso na engrenagem, o machado lhe amputaria o braço.


A economia do Brasil colônia foi sempre voltada para o benefício de Portugal. Inserida no contexto do mercantilismo europeu, foi caracterizada pelo pacto colonial, segundo o qual os brasileiros só podiam comercializar produtos com os portugueses, de modo que esses últimos  compravam barato, vendiam caro e ainda tinham exclusividade na exportação das mercadorias do Brasil a outras nações. A grande maioria dos lucros ia para a metrópole, especialmente para os cofres da Coroa portuguesa, que cobrava altos impostos sobre a exploração dos produtos coloniais. As principais atividades econômicas realizadas no período  em nosso território foram a extração do pau-brasil, a produção de açúcar, a mineração e a pecuária.

PAU_BRASIL: A mão de obra indígena

A primeira riqueza percebida por Portugal foi o pau-brasil( ibirapitanga, em tupi), madeira então abundante em nosso litoral, usada como matéria-prima para a fabricação de tinturas.
O pau-brasil, árvore que crescia por quase todo o litoral, media cerca de 20 a 30 metros, de seu tronco vermelho os índios extraiam tinta para colorir as penas branca com que se enfeitavam.

Existente também na Ásia, o pau-brasil já era conhecido na Idade Média pelos europeus, que utilizavam seu corante para tingir tecidos. Entretanto, com a conquista de Constantinopla pelos otomanos, em 1453, e o bloqueio do comércio pelo Mediterrâno, o preço da madeira subiu muito. Por isso a descoberta de pau-brasil na América foi uma boa para Portugal. Sua exploração se tornaria a principal atividade econômica dos portugueses na região de 1500 a 1530,conhecido como perído Pré-colonial.

A Economia Açucareira: trabalho escravo  1550-1650

Os primerios povoadores vieram ao Brasil atraídos peloa possibilidade de encontrar metais e pedras preciosas e, assim, enriquecer rapidamente. Não tiveram sorte. Mas havia uma alternativa: a cana-de-açúcar.
Desconhecido na Europa até o começo do século XII, o açúcar chegou ao continente ainda durante a Idade Média por intermédio de mercadores árabes e cruzados. Além de ser utilizado como adoçante, era empregado para conservar alimentos - no caso das frutas cristalizadas- e no fabrico de remédios.
Produzido em pequena escala, era considerado especiaria de luxo: apenas nobres e reis tinham condições de comprá-lo. Seu valor era tão alto, que pessoas indicavam em testamento quem deveria herdar, após sua morte, o açúcar que lhes pertencera em vida. Portanto, a Europa era um promissor mercado consumidor, o que significava aos portugueses, grandes lucros. Além disso, Portugal já possuía experiência na produção de cana nos Açores e na  Ilha da Madeira. Entretanto, faltava aos portugueses capital inicial e uma eficiente infra-estrutura de distribuição. Essa questão foi resolvida com uma parceria com os holandeses, que já fretavam o açúcar produzido por Portugal nas ilhas do Atlântico.
O sistema instalado foi o de plantation, cujas características eram:

  • Grandes propriedades (latifúndios) monoculturas (dedicadas a apenas um produto) - os engenhos.

  • Mão-de-obra escrava (primeiramente indígena; depois africana).

  • Produção voltada para o mercado externo.

  • Regiões: litoral do Nordeste, Bahia e Pernambuco.
Os latifúndios monocultores e a escravidão permitiam uma produção vasta a baixos custos - o que levava a altos lucros. O destino era unicamente a exportação, uma vez que Portugal não tinha o menor interesse em desenvolver a economia interna brasileira. Os lucros que permaneciam no Brasil eram poucos e ficavam nas mãos dos senhores de engenho - os donos dos latifúndio-, resultando em grande concentração de renda.
Segundo Jorge Caldeira no livro A nação mercantilista, o negócio do açúcar se transformou em um mercado global: o financiamento vinha da Holanda; a produção se fazia no nordeste da colônia; o refino, também na Holanda; os consumidores eram da Europa; a mão-de-obra vinha da África; parte dos insumos, na Europa: outra parte, em vários pontos da América do Sul. 
Até meados do século XVII, a colônia portuguesa liderou a produção açucareira mundial. A partir de então, problemas internos - como secas e a destruição de engenhos nordestinos durante a Insurreição Pernambucana -e, mais tarde, externos - como a forte concorrência dos produtores holandeses da região das Antilhas - provocaram a lenta decadência da economia do açúcar na colônia portuguesa da América.
A produção de açúcar foi a principal atividade econômica do Brasil colonial durante os séculos XVI e XVII, sendo ultrapassada no século XVIII pela mineração. 



obs: O engenho era unidade de produção onde se loca
lizavam os canaviais, as plantações de subsistência, a fábrica do açúcar - com sua moenda, a casa das caldeiras e a casa de purgar -, a casa-grande, a senzala, a capela, a escola e as habitações dos trabalhadores livres - como o feitor, o mestre do açúcar, os lavradores contratados, etc. 







sábado, 7 de agosto de 2010

A Origem do tráfico negreiro na África

Fonte imagem: gl.wikipedia.org


O Tráfico negreiro antes da chegada dos portugueses na África

A escravidão era conhecida na África negra  (região subsariana = sul do  deserto do Saará) desde tempos remotos, mas tratava-se de escravidão doméstica, para serviços caseiros e em pequena escala. Somente com a chegada dos árabes é que se introduziu a procura maciça de escravos negros, sendo os sudaneses os preferidos.
Assim, o norte da África foi invadido por árabes beduínos, onde converteram a maioria dos berberes (povos de pele clara) ao islamismo. O domínio árabe intensificou as ligações comerciais entre o norte e o Sudão (África negra).
 Percorrendo o deserto de norte a sul, as caravanas de camelos traçaram uma rede de contatos comerciais constituídas pelas rotas denominadas "transaarianas". O sal, o ouro e os escravos eram os principais  artigos desse comércio.
O sal, um produto de primeira necessidade no Sudão, era extraído nas salinas do Saará. Os mercadores do norte trocavam o sal no Sudão Ocidental por cereais, ouro e escravos. Estes destinavam-se ao trabalho nas salinas, de onde tinham poucas chances de retornar.
O ouro era retirado nas regiões do Alto Senegal e levados por  mercadores árabes ao norte da África, como Ceuta, Tânger e Tunísia, Marrocos pontos terminais das rotas transarianas, frequentadas por judeus e genoveses entre outros.

Os mercadores muçulmanos já em 642 passam a se interessar pelos recursos humanos da África negra A primeira expedição dirigiu-se a Núbia, onde um rei local aceitou pagar um tributo anual de 360 escravos de ambos os sexos.
Durante muito tempo, as expedições transaarianas teriam um impacto muito limitado. Porém a partir do século XVI que  o tráfico se organiza e passa a alcançar proporções cada vez maiores.
O tráfico negreiro organizou-se de maneira pacífica. Donos da costa sul do Mediterrâneo e da península Arábica, os muçulmanos comandavam as rotas comerciais africanas.
Esse comércio dava muitos lucros, pois a moeda utilizada era pequenas conchas coloridas, chamadas cauris, com as quais os árabes, e depois os europeus, enchiam seus porões no oceano Índico. Eles também gostavam de manufaturas como tecidos, pedaços de cobre , ferro e vidro.

No final da Idade Média, os soberanos africanos passam a comprar armas e cavalos. Artigos considerados de luxo: um cavalo valia de 15 a 20 escravos. Bem equipados eles devastavam os vilarejos capturando mais pessoas e vendendo-as como escravos.
Até os século XVI, o tráfico negreiro estava nas mãos dos muçulmanos, e mercadores árabes ou persas, vendiam escravos negros, famosos pela força e pelo vigor, nas costas do Mediterrâneo, assim como em todo o oceano Índico e até na China (Cantão)
Logo os chineses se interessaram pelo tráfico, lançando várias expedições marítimas nessa direção. Porém, o monopólio muçulmano só viu-se ameaçado quando os portugueses começaram a navegar as costas da África, no final da Idade Média, aumentando ainda mais a desgraça e o sofrimento desse povo. 

Texto extraido do livro História do Brasil no contexto da história ocidental de Luíz Koshiba,ed. Atual e da revista História viva, ano VII, nº 80.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Brasil Período Colonial

A  Colonização da América Portuguesa


Segundo alguns historiadores, o rei português dom Manuel, o venturoso, quando envia  a expedição para as Índias comandada por Pedro Álvares Cabral, já tinha a intenção de que o mesmo desviasse  do caminho e alcançasse terras a oeste do Atlântico Sul. Pois
Fonte: Drummerman.sites.vol.com.br

 acreditava-se que Vasco da Gama, entre os anos de 1497 e 1498, em sua viagem para as Índias teria visto aves que seguiam em direção ao sudoeste do Atlântico Sul. 
Assim, intencional ou não, o fato é que no dia 22 de Abril de 1500 Cabral  e seus homens avistaram pela primeira vez as terras que, antes de ficarem conhecidas pelo nome de Brasil, eram chamadas de Pindorama  - Terra das Palmeiras - pela população nativa.
O período compreendido entre 1500 e 1530, é denominado pela historiografia tradicional, como "pré-colonial" ou de colonização de feitorias. Na verdade, Portugal estava voltado ao comércio oriental (das Índias e litoral africano) de onde estraiam enormes lucros, e que tornara Lisboa o centro de um grande império mercantil. A Nova Terra lhe daria como retorno imediato apenas madeira tintorial, papagaios e pimenta. Por essas razões, de 1500 e 1530, Portugal limitou-se a enviar à colônia americana algumas expedições marítimas destinadas principalmente ao reconhecimento da terra e à preservação de sua posse.

Pau-Brasil e o trabalho dos indígenas

As primeiras atividades econômicas concentraram-se na extração de pau-brasil dentro do regime de estanco (monopólio régio). Isso significava que ninguém poderia retirá-lo das matas brasileiras sem prévia permissão de Portugal e pagamento do tributo correspondente. Ainda assim, ingleses, espanhóis e principalmente franceses extraíam clandestinamente a madeira do litoral brasileiro.
A primeira concessão da Coroa para a extração do pau-brasil foi dada a Fernão de Noronha, em 1502. Seus navios foram os primeiros a chegar à ilha que mais tarde recebeu seu nome.
Os comerciantes de pau-brasil eram chamados de brasileiros _ termo que, com o tempo, perdeu o sentido original e passou a ser utilizado, amplamente, para designar os colonos nascidos no Brasil.
A extração de pau-brasil dependia do trabalho dos índios por meio do escanbo  (troca sem uso de dinheiro). Os indígenas forneciam a mão-de-obra para corte e transporte da madeira e, em troca, recebiam dos portugueses objetos de pouco valor.

Os Franceses também querem o pau-brasil

A notícia da existência do pau-brasil se espalhou na Europa. Os franceses, que dependiam da importação oriental, passaram a frequentar assiduamente o lioral brasileiro.
Aliando-se aos Tupinambá, os franceses tornaram-se concorrentes dos portugueses. Estes, por sua vez, estavam aliados aos Tupiniquim, antigos inimigos dos Tupinambá.
Com o agravamento da situação, Portugal enviou uma expedição guarda-costeira, comandada por Cristóvão Jacques.

È necessário colonizar  

De acordo com o Tratado de Tordesilhas, Portugal e Espanha eram os únicos donos das terras da América. Entretanto, franceses, holandeses, e ingleses disputavam a posse de territórios americanos. Essa disputa intensificou-se a partir da notícia de que os espanhóis haviam descoberto minas de ouro e prata em áreas  que hoje correspondem ao México e ao Peru.
Os portugueses receavam perderem as "terras brasileiras", pois as expedições que enviava não conseguiam deter a atuação dos estrangeiros. Para acabar com o contrabando e evitar as invasões, garantindo a posse das terras, a Coroa decidiu coloniza a Nova Terra. Por outro lado, o comércio de Portugal com o oriente entrou em declínio, devido aos elevados custos com transporte e manutenção de entrepostos, além da concorrência de franceses, ingleses e espanhóis, que exploravam a mesma rota comercial. 

Capitanias hereditárias e governo-geral

Com o objetivo de tomar posse, explorar e defemder a Nova Terra, Portugal deu início, no século XVI, à montagem da estrutura administrativa colonial. Primeiramente, dividiu-a em capitanias hereditárias; mais tarde, aprimorou o sistema, criando o Governo-Geral.

Capitanias Hereditárias

Fonte: Mapa Capitanias Hereditárias de professorasueli-historia.blogspot.com


Dom João III (1521-1557) decide impulsionar a colonização da Nova Terra, lançando mão do expediente que os reis de Potugal tradicionalmente usavam para atingir seus objetivos de povoamento: a distribuição de terras. Em 1534 as terras de Vera Cruz são divididas  em 15 faixas - as capitanias hereditárias. O direito de administrá-las, vitálicio e hereditário, era concedido aos donatários, nobres ou burgueses que se comprometiam a arcar com os gastos internos, repassando grande parte dos rendimentos à coroa potuguesa. 
A regulamentação do sistema era feita por meio de dois documentos: a Carta de Doação e o Foral. Eles estabeleciam os direitos e deveres dos donatários e da coroa. O donatário devia aplicar a justiça e podia doar sesmarias (fazendas) e cobrar impostos relativos à agricultura e à exploração dos rios, por meio da chamada guerra justa, escravizar os indígenas, condiderados inimigos, obrigando-os a trabalhar na lavour; podia ainda, enviar até 30 índios escravizados por ano a Portugal e, receber a vigésima parte (5%) dos lucros sobre o comércio do pau-brasil. A Coroa tributava a exploração do pau-brasil, das especiarias e dos metais preciosos. Já as despesas necessárias à obra colonizadora ficavam por conta dos donatários.
Não deu certo
O sistema de capitanias, no entanto, não apresentou os resultados esperados, embora fornecesse produtos como açúcar, algodão e tabaco e matérias extrativas em geral, a colônia contribuía com menos de 3% de todas as rendas da Coroa O fracasso se deveu principalmente  por causa do isolamento, dos ataques dos ìndios, da falta de investimentos e, ainda os navios franceses continuavam assediando o litoral. Das 15, somente duas prosperaram - Pernambuco e São Vicente.

Governo_Geral

Com o fracasso das capitanias e as investidas estrangeiras na colônia, Portugal resolveu impor-se mais fortemente na Nova Terra. Em 1548, surgia o Governo-Geral, com sede na capitania da Bahia e capital na cidade de Salvador.
Ao governador-geral cabia coordenar a defesa, a cobrança de impostos e incentivar a economia. Ele era assessorado pelo provedor-mor(tesoureiro), pelo ouvidor-mor(juíz) e pelo capitão-mor(a cargo da defesa)
Embora o Governo-Geral tenha sido implantado após as capitanias, ele não as substituíu. A ideia era impor uma centralização política na colônia, o que fucionou na esfera militar, mas não se refletiu no dia-a-dia, em razão da falta de infra-estrutura de transporte e comunicação. Boa parte do poder, de fato, era exercida pelas Câmaras Municipais de cada vila. Essas Câmaras Municipais foram até meados do século XVII, ocupadas e dominadas pelos grandes proprietários de terras e escravos, que se autodenominavam "homens bons". Assim, muitas vezes o Governo-Geral enfrentava a oposição de poderes e interesses locais dos homens-bons. 
Entre os principais governadores-gerais, estão Tomé de Souza e Mem de Sá. Após a morte desse último, em 1572, Portugal dividiu a colônia nos governos do Norte e do Sul. Seis anos depois voltou atrás e reunificou a colônia. Em 1621, porém, fez nova divisão: foram criados o Estado do Brasil, com capital em Salvador, e o Estado do Maranhão, com capital em São Luís. O último passaria, em 1751, a se chamar Estado do Grão-Pará e Maranhão, com sede em Belém. O período que vai de 1580 a 1640,chamado de União Ibérica, devido a problemas de sucessão dinática, Portugal passou a ser governado pela Espanha. Por consequência, o Brasil tornou-se parte do vasto reino espanhol.  
Para saber mais sobre a economia do Brasil colonial:http://historiamaneco.blogspot.com/

segunda-feira, 28 de junho de 2010

A Resistência dos trabalhadores e as teorias que orientaram o movimento.

A Revolução Idustrial causou graves consequências na vida na vida dos trabalhadores, pois não havia regras ou limites para o exercício do trabalho. Os donos das fábricas impunham salários miseráveis e longas jornadas, que chegavam a dezoito horas diárias. Contra essa condição subumana, os trabalhadores lutaram de diversas maneiras.

Primeiras Lutas Operárias 

Movimento "Luddita"  (Ned Ludd)  1811
Foram protestos contra as máquinas inventadas para economizar mão-de-obra. Os luditas invadiam as fábricas e destruíam as máquinas, que não só tirava o trabalho dos artesãos como impunha aos operários condições desumanas de trabalho. Os integrantes do movimento sofreram dura repressão e foram condenados à prisão, à deportação e até à forca.
Movimento Cartista   (1830)
Foram os primeiros a incorporar as idéias de democracia, igualdade e coletivismo a um amplo e significativo movimento de trabalhadores. O cartismo teve origem numa petição conhecida como Carta do Povo, apresentada ao governo da Inglaterra, reivindicando:
  • sufrágio universal masculino;
  • voto secreto;
  • eleições anuais para o parlamento;
  • pagamento dos parlamentares;
  • representação política do proletariado.
"Trade Unions"
Associação de trabalhadores com objetivos inicialmente assistenciais, sugindo mais tarde os sindicatos que lutaria por uma transformação social mais ampla.

Novas Ideologias: o debate sobre a nova ordem econômica e social.

O debate decorrente do conflito de interesses entre os empresários e os operários contribuiu para a elaboração de  várias teorias sociais. Algumas justificavam os rumos da nova sociedade industrial capitalista. Outras, identificadas com os interesses dos trabalhadores, denunciavam a exploração do trabalho e pregavam uma sociedade mais livre e justa.

Liberalismo econômico
Teoria que justificou a sociedade industrial, cujos principais representantes foram:

Adam Smith(1723-90): obra, A riqueza das nações.
Criticou a política mercantilista, por meio da qual o Estado interferia na vida econômica. Ele defendia que a economia deveria ser dirigida pelo livre jogo da oferta e da procura de mercado (laissez faire). Segundo ele, o trabalho era a verdadeira fonte de riqueza para as nações, e deveria ser conduzido pela livre iniciativa particular.

Thomas Malthus (1766-1834): obra, Ensaio sobre os princípios da população, no qual defende a tese de que a miséria dos trabalhadores era consequência de uma lei da natureza, e não culpa da burguesia. Para ele, a população crescia num ritmo bem mais rápido do que os meios de subsistência; para evitar esse descompasso, seria necessário restringir a procriação humana.

David Ricardo (1772-1823): obra, Princípios da economia política. Nessa obra afirmou que o trabalho deveria ser encarado como uma mercadoria qualquer, sujeita à "lei da oferta e da procura". Se houver muita oferta de trabalho, o preço dessa mercadoria diminui, resultando nos baixos salários. Para ele, não caberia ao Estado ou aos sindicatos exigir aumentos de salários contrários a essa "lei". Assim, as leis de mercado justificavam os salários de fome e a exploração dos trabalhadores.


Socialismo: teorias que orientaram o movimento operário

Socialistas Utópicos:sonhavam com uma sociedade mais justa alcançada pelas transformações éticas e morais do burguês, de forma pacífica, sem levar em consideração a luta de classes.
Representantes: Saint-Simon, Charles Fourier e Rober Owen.

Socialismo Científico ou Socialismo Marxista:
Segundo essa corrente de pensamento, somente com o fim da propriedade privada, com a união dos operários contra a burguesia, a tomada do poder de estado através de uma revolução é que surgiria uma sociedade mais igualitária ou socialista.

Os Princípios básicos que fundamentam o socialismo Marxista podem ser sintetizados em 4 teorias centrais:
Teoria da mais-valia: onde se demonstra a maneira pela qual o trabalhador é explorado na produção capitalista.
Teoria do materialismo histórico: onde se evidencia que os acontecimentos históricos são determinados pelas condições materiais(econômicas) da sociedade;
Teoria da luta de classes: "o motor da história  humana" é aluta de classes, que só terminaria com a construção da sociedade comunista perfeita. Nela desapareceriam a exploração de classes e as injustiças sociais.

Representantes: Karl Marx (1818-1883) obras, O Capital, O 18 Brumário, o Manifesto Comunista.
Friedrich Engles: (1820-95) obras, A origem da Família, do Estado e da Propriedade Privada.

Anarquismo: palavra de origem grega e dignifica ausência de domínio político autoritário. Acreditavam que o homem deve viver sem Estado, a partir de uma gestão comunitária, ou seja, por meio da cooperação. Em livre associação, os indivíduos seriam capazes de produzir e distribuir a riqueza produzida de acordo com suas necessidades. Defendiam:
  • supressão de toda e qualquer forma de governo;
  • abolição da propriedade privada;
  • instalação de uma sociedade sem classes:
  • extinção das desigualdades sociais:
  • superação do capitalismo e instalação imediata da sociedade comunista.
Representantes:  Pierre-Joseph Proudhon(1809-65) obra, "O que é propriedade" e Mikhail Bakunin (1814-76).

Socialismo Cristão: a Igreja Católica assumiu uma posição de crítica, não ao capitalismo em si, mas aos abusos da exploração capitalista. O Estado deveria criar leis trabalhistas e reconhecer as associações operárias, como forma de amenizar os conflitos sociais e criar uma  cooperação harmoniosa permanente entre capital e trabalho.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Tecnologia na Revolução Indústrial



I Fase  1750-1860  Essa fase da Revolução Indústrial foi assinalada pelos seguintes fenômenos:


Descaroçador de algodão e o Tear Mecânico:  desenvolveram a indústria têxtil.










A Maquina a vapor para a exploração do carvão  mineral para a retirar a água acumulada nas minas de carvão, que substitui as fontes tradicionais de energia mecânica, como a roda de água, a roda de vento e a tração animal.





ARevolução nos transportes e nas comunicações, com a invenção da  locomotiva, do navio a vapor e do telégrafo.












quinta-feira, 17 de junho de 2010

A Revolução Industrial

Conceito 
 Foi um conjunto de transformações ocorridas na Europa a partir do século XVIII, que possibilitou a transição da produção artesanal para a produção maquinofatureira, e foi responsavel pela passagem do capitalismo comercial para o capitalismo industrial.





Ver todo o filme Tempos Modernos

http://www.youtube.com/watch?v=-u2m8sSkt4A&feature=related
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http://www.youtube.com/watch?v=jp9SaTpsOr4&feature=fvw


Evolução do Processo Produtivo

Produção artesanal ou manufatura domestica

A produção era feita em casa. O artesão era o dono das matérias-primas e dos instrumentos de trabalho. Produzia de acordo com o consumo e controlava todas as fases da produção.

Produção Manufatureira

O trabalho era feito na oficina sob a coordenação de um gerente de produção. As matérias primas e os instrumentos pertenciam ao dono da oficina, que também comercializava o  produto. O trabalhador entrava apenas com  sua força de trabalho que vendia em troca de um salário. Não tinha o domínio de todas as fases de produção devido à introdução da divisão do trabalho.

Produção Maquinofatureira

Nas fábricas, a produção era divididas em etapas. Cada trabalhador executava uma única tarefa, sempre do mesmo modo- a especialização ou divisão do trabalho. Além disso, as máquinas substituíram o tabalho de muitos operários.

Alguns fatores do pioneirismo inglês

A Inglaterra foi pioneira na Revolução Industrial por causa principalmente:
  • Grande quantidade de capital acumulado na Revolução Comercial;
  • Supremacia naval;
  • Abundantes jazidas de ferro e de carvão;
  • Disponibilidade de vasta e barata mão-de-obra, desde que os nobres ingleses (gentry) expulsaram os camponeses de suas terras e se apossaram delas (política de cercamento). Essas terras foram transformadas em pastagens para a criação de ovelhas, cuja lã era vendida como matéria-prima para a produção de tecidos;  
  • A contribuição dos  Huguenotes:  A Inglaterra abrigou em seu solo os huguenotes (calvinistas franceses) que, além de capitais, possuiam experiência empresarial;
  • A revolução inglesa: o triunfo do liberalismo criou um ambiente propício à industrialização. O liberalismo criticava o mercantilismo e defendia a livre concorrência;
  • Inovações técnicas que possibilitaram a utilização da energia mecânica. 
Entre 1760 e 1860, a Inglaterra inicia sua I Revolução Industrial - a princípio, têxteis com a invenção das máquinas de tecer automáticas- primeiro, hidráulicas; depois, a vapor - permitiria uma transformação radical nesse processo. A máquina se tornou mais importantante que a mão-de-obra. Os burgueses passaram a adquirir esses equipamentos, mais eficientes, criando as indústrias, e arrasando por meio da concorrência a produção doméstica. 
Conferir como desenvolveu-se: http://historiamaneco.blogspot.com/2010/06/tecnologia-na-revolucao-industrial.html

A partir de 1870, teve início a II Revolução Industrial, marcada pelo uso de  novas fontes de energia - eletricidade e petróleo -, pela substituição do ferro pelo aço e pela criação da linha de montagel, idealizada pelo empresário norte-americano Henry Ford, já no século XX. O método da produção em série, caracterizado por grandes fábricas e forte concentração financeira, ficou conhecido como fordismo.
Outra característica desse segundo período foi a internacionalização das indústrias, antes restritas basicamente à Inglaterra. Foi nessa época também que a divisão do trabalho se generalizou como forma de aumentar o lucro.
Surgiram os trustes ( fusão de empresas do mesmo ramo para monopolizar a produção, o preço e o mercado), as holdings ( grandes conglomerados de empresas) e os cartéis ( acordos para eliminar a concorrência). A disseminação da prática do financiamento para viabilizar o surgimento de novas fábricas fez com que o capitalismo industrial começasse a ser substituído pelo financeiro, ou seja, os bancos passaram a se tornar mais poderosos que as indústrias.
A II Revolução Industrial proporcionou ainda o desenvolvimento da política imperialista pelos países europeus para criarem ou controlarem colônias na Àsia e na África, com o objetivo de obterem matérias-primas para a indústria e mercado consumidor para seus produtos. A necessidade de mão- de-obra, matéria-prima e locais de investimento de capital levou os países capitalistas a colonizar outros territórios e a brigar por eles, o que levou, em 1914, à eclosão da I Guerra Mundial.

III Revolução
Ocorreu a partir de 1950 e foi marcada pelo aparecimento de gigantescos complexos multinacionais e pela informatização, que ao substituir a mão-de- obra humana, contribuiu para a eliminação de postos de trabalho. Uma das características mais  marcantes do período foi o surgimento dos tecnopólos- pólos tecnológicos com indústrias de ponta associadas a grandes centros universitários de pesquisa. Como por exemplo a Microsoft na Califórnia, nos Estados Unidos.
No Japão, surgiu o Toyotismo - em oposição ao fordismo -, um método de produção mais flexível e doversificado: em vez de produzir grandes séries de um mesmo  modelo, ele visa à fabricação de séries menores de  uma variedade maior de modelos de produtos.  

O sistema industrial instituiu duas novas classes opostas: os empresários (burgueses), donos do capital e dos meios de produção (equipamentos, fábricas, matérias-primas etc.), e os operários (proletários), que vendiam sua força de trabalho em troca de salário.
No início, os empresários impuseram duras condições aos operários, como baixíssimos salários e desumanas jornadas de trabalho (que chegavam a 17 horas diárias), para ampliar a produção e garantir uma margem de lucros crescente. A fim de reivindicar melhores condições, os trabalhadores passaram a se organizar em associações, que dariam origem aos sindicatos.
Para saber mais sobre os movimentos sociais:http://historiamaneco.blogspot.com/

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O rei Henrique VIII e seus casamentos

O segundo rei inglês da dinastia Tudor, Henrique VIII casou-se com Catarina  de Aragão. Catarina ficou viúva de seu irmão Arthur. Ele tinha 18 anos, e ela 23 anos. Viveram juntos 23 anos. Tiveram 6 filhos  , dos quais apenas um sobreviveu, Maria, a futura rainha inglesa, mas não conseguiu gerar um filho varão.
Henrique teve um caso com Maria Bolena, da nobreza inglesa. Mais tarde conhece Ana Bolena, irmão de Maria Bolena. Solicita a anulação do seu casamento com Catarina para casar com Ana Bolena. O papa Clemente VII não concedeu a anulação do casamento. Henrique rompeu com a igreja de Roma e tornou-se, através do Ato de Supremacia, o chefe da igreja Anglicana na Inglaterra. Anulou seu casamento com Catarina e casou-se com Ana(24),sendo mais tarde coroada como rainha Ana Bolena.
Foi excomungado pela igreja católica. Ana deu-lhe uma filha, Elizabeth, futura Elizabeth I. Após o nascimento de sua filha, o rei procura uma antiga conhecida, Jane Seymour (25), ex-dama de honra da Rainha Catarina. Ana Bolena é acusada pelos partidários de Jane de infidelidade. Antes de ser decapitada Ana é acusada de infidelidade ao rei, de tentar matar Catarina e Maria, e de outros crimes, inclusive o de incesto com o irmão. Dez dias depois, o rei  casou-se com Jane Seymour, que lhe deu um filho varão, Eduardo, futuro rei Eduardo VI. Jane morreu logo após  o parto.
Henrique voltou a casar-se ainda com ,Catarina Howard (22) prima de Ana Bolena. Ela foi a mais bonita de suas esposas. Catherine não permaneceu feliz por muito tempo ao lado de um homem quase trinta anos mais velho que ela. O amor por seu primo, foi descoberto, e ela foi executada na Torre, em fevereiro de 1542, no mesmo local onde morrera Ana Bolena. A sexta esposa de Henrique foi Catarina Parr (31). Viúva de dois maridos antes do rei. O rei morreu três anos após o casamento, de uma doença em sua perna. Catherine Par teve a boa sorte de sobreviver ao marido.Henrique VIII morre aos 55 anos.





Fonte: Uma História dos Povos de Língua Inglesa, de Winston S. Churchell.     

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Napoleão Bonaparte, o grande general

Personagem: Napoleão Bonaparte

Um pouco de sua história

Nasceu em 1769, na ilha de Córsega, como Napoleão Bunaparte - retirou o "u" anos mais tarde para soar "mais francês". Estudou em escolas militares e, tímido, tinha poucos amigos. Como seu tipo físico (media 1,58m)inspirava piadas, sentia-se marginalizado entre os colegas aristocratas. Cresceu cultivando ódio pela nobreza e pelo  então sistema político da França.
No início da Revolução Francesa, virou tenente-coronel da Guarda Nacional Corsa (1791). Em 1793, já era chefe de artilharia do exército encarregado da tomada de Toulón, sendo promovido a general de brigada aos 24 anos. Em 1796, foi  nomeado comandante do exército francês na Itália. Derrotou os austríacos e forçou a assinatura do Tratado de Campoformio, que dava à França o direito de conservar os territórios conquistados na Itália.
Quando Napoleão embarcou para a expedição no Egito, em 1798, era um general de 29 anos com a ambição de um César. Chegou a Alexandria em julho para bloquear a rota britânica até a Ìndia. A expedição francesa tinha 300 navios,35 mil soldados e um departamento de sábios. Isso porque Napoleão queria ganhos científicos: os sábios eram orientados para que tudo encontrado nas tumbas fosse arrolado e estudado.
Napoleão se casou em 1796 com a viúva Josefina de Beauharrais. Separou-se em 1806 e voltou ao altar no ano seguinte com a princesa Maria Luisa, herdeira da dinastia áustríaca dos Habsburgo, que viria a ser mãe de seu único filho, Napoleão II. Ciumento e sexualmente inseguro, colecionou amantes e foi definido como homossexual por uma facção de historiadores. Excêntrico e megalomaníaco, o homem que chegou a ter sob o seu domínio 50 milhões dos 175 milhões de habitantes da Europa rebatizou o Museu do Louvre de Museu Napoleão e mandou retirar a Monalisa de Leonardo da Vinci, do acervo para pendurá-la na parede de seu quarto. As guerras napoleônicas, aliás, contribuíram para o enriquecimento dos museus franceses. O general tinha uma equipe especializada em espoliar coleções e obras-primas. Milhares de quadros de renomados pintores sumiram da Alemanha, da Itália, da Espanha e da Holanda para reaparecer no Louvre.


O Exército do grande general
O grande general aperfeiçoou seu exército, dando-lhe mais coesão, estrutura e confiança. Aumentou o efetivo dos exércitos, criando uma unidade tática mais forte do que a divisão(cerca de 10 mil soldados), o  Corpo de Exército, composto por duas a quatro divisões. Da reunião desses copos nasceu o Grande Exércio, subordinado ao comando direto do imperador.
Napoleão reformou o quadro de oficiais trocando os velhos ou incapazes. O corso fundou a escola militar de Saint-Cyr, que formava oficiais bem qualificados para, mais tarde, ingressar nos postos de generais. Napoleão queria jovens - a idade média dos coronéis e generais era de 37 anos.
A vida do soldado da infantaria girava em torno de sua seção, que consistia de seis a 12 homens, cada um deles armado com um mosquete Charleville modelo 1777 calibre 69. Os volteadores atacavam o inimigo por trás e os flanqueadores eram responsáveis pelos ataques laterais.
Os homens da cavalaria pesada usavam capacete e armaduras no peito e nas costas.Cada um levava uma pistola e uma lança. A cavalaria leve não usava armadura e carregava espadas. Sua função era fazer o reconhecimento da área e garantia a segurança ao redor do exército. Napoleão levava para a batalha entre 1,2 e 1,8 mil homens montados. O volume de soldados a cavalo intimidava os inimigos.
Os artilheiros eram grupos de 100 homens armados com seis canhões de campanha e dois morteiros. O próprio imperador lutou durante anos nessa arma antes de assumir o comando das tropas francesas. Na engenharia, Napoleão organizou um grupo responsável pelos explosivos e construções de pontes. O imperador também criou um corpo militar de elite, a Guarda Imperial.
O mérito tático de Napoleão estava na agilidade - chegava antes do inimigo após estudar minuciosamente o terreno em que pisava. Mestre na leitura de mapas, avaliava sua tropa só encarava o combate após planejar todos os passos. Também usava espiões e patrulhas de cavalaria, procurando sempre descobrir com antecendência a tática adversária.
  Texto extraido da revista Impérios Modernos da Coleção Grandes vol. III   Almanaque Abril


Surge um líder
Napoleão Bonaparte chegou ao poder em 1799, no momento em que a França atravessava uma grave crise institucional. Governado pelo Diretório, o país enfrentava sérios problemas de ordem econômica, política e social e havia sofrido algumas derrotas em campanhas militares no exterior.
A oposição, formada à esquerda pelos jacobinos e à direita pelos realistas (partidários da monarquia),responsabilizava o governo pela situação. Com os ânimos cada vez mais exaltados, a França parecia à beira de uma nova rebelião.
Nesse contexto, começou a ganhar destaque a figura de Napoleão Bonaparte, general de apenas 30 anos de idade que, graças às suas vitórias nos campos de batalha, parecia destinado a ser o "homem forte" tão sonhado pela burguesia, aquele que devolveria a paz e a ordem para a França.
No dia 18 Brumário(9 de novembro de 1799), Napoleão dissolveu o Diretório e criou o Consulado.Este, que consolidou o poder da alta burguesia, tinha no Executivo três cônsules, eleitos pelo Senado. Entretanto, essa aparente democracia mascarava o poder que detinha o primeiro cônsul: Napoleão Bonaparte.
Napoleão sabia que seu governo, para ter continuidade, precisava tanto do apoio da alta como da pequena burguesia francesa. Por isso, preocupava-se em garantir a segurança interna, necessária ao bom andamento dos negócios. Os projetos de emancipação das classes populares foram sufocados. Os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade dos tempos da revolução foram reprimidos. Por meio de uma severa censura à imprensa e da ação violenta dos òrgãos policiais, as oposições políticas ao governo foram aniquiladas.Mas era preciso conseguir a paz externa e afastar o perigo de uma invasão na França. E essa foi uma das principais preocupações de Napoleão nos seus primeiros anos de governo.
As primeiras campanhas militares do  Corso
Napoleão Justificava suas conquistas afirmando estar libertando os povos dos "grilhões" do Antigo Regime. Seu soldado-cidadão estava então propagando os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade para os outros povos da Europa. Aqueles que morriam em sua campanhas estavam dando a vida por um ideal. Muitos  não-franceses agreditavam que Bonaparte representava os ideais democráticos, ou seja, era visto como um libertador. Havia, porém, um outro lado. Napoleão, o tirano da Europa, transformou países conquistados em  satélites, colocou parentes seus nos tronos e explorou essas terras em favor da França. Os  Estados-satélites e os territórios anexados eram obrigados a fornecer recrutas para seus exércitos e impostos para seu tesouro de guerra. Tais métodos alimentaram o ódio a Napoleão. 
Os franceses começaram a ser derrotados na Itália por uma coligação de grandes nações. Em 1799, com a saída da Rússia da coligação, o exército revolucionário retornou a iniciativa. Em julho de 1800, Napoleão, já como cônsul e chefe do governo, derrotou os austríacos em Marengo. Em 1801, a Àustria assinou a paz de Luneville, onde eram reafirmados os acordos de Campofórmio, garantindo a hegemonia francesa sobre a Itália. Era o primeiro passo para o estabelecimento da paz na Europa.
Após essa vitória, a Rússia também assinou um tratado de paz com a França, e a Segunda Coligação se desfez. A Inglaterra estava isolada no cenário político europeu, pois tanto a Rússia como a Suécia, a Dinamarca e a Prússia rejeitavam suas propostas de isolar comercialmente a França. Assim, em março de 1802, a Inglaterra e a França assinaram o Tratado de Amiens, pelo qual a Inglaterra reconhecia as conquista francesas. A partir de então, Napoleão pôde se dedicar às reconstrução interna da França.
Napoleão reconstruindo a França
Para garantir a estabilidade econômica, vital ao desenvolvimento dos negócios da burguesia, Napoleão centralizou a administração pública e criou o Banco da França, facilitando o acesso da burguesia aos capitais necessários para seus empreendimentos. Ganhou grande popularidade no interior do país, tomando uma série de medidas para legalizar as propriedades conseguidas pelos camponeses durante o governo jacobino.
Napoleão também se preocupava com a educação popular, pois sabia que odesenvolvimento industrial do país dependia da formação de mão-de-obra especializada. Além disso, achava que a escola era um bom lugar para o controle moral e político da vontade popular. Na mesma linha de raciocinio, conseguiu a elaboração de um acordo (Concordata, em 1801) entre a igreja católica e o Estado francês, tendo como objetivo fazer da religião um instrumento de poder político. O papa reconhecia o confisco das propriedades da igreja em troca do amparo do Estado ao clero. Por sua vez, Napoleão reconhecia o catolicismo como a religião da maioria dos franceses, mas reservava para si o direito de designar os bispos.
Para governar a França, Napoleão usou o plebiscito,ou seja, as suas decisões importantes eram submetidas à apreciação popular pelo voto universal. Esse mecanismo dava-lhe o apoio do homem comum, mas para isso, criou uma forte censura a todos os jornais e uma polícia política destinada a reprimir qualquer oposição a seu governo. Ao mesmo tempo, ganhava popularidade e fidelidade de seus soldados por meio de bem estudada propaganda, especialmente veiculada em jornais militares.
A fim de impressionar a opinião pública, Napoleão construiu grandes obras públicas e modernizou o exército, criando um clima de euforia que beneficiou o desenvolvimento da indústria e do comércio.
Juridicamente, uma de suas maiores obras foi o Código Napoleônico, que refletia os anseios da burguesia francesa: grande parte de seus artigos dizia respeito aos direitos e garantias da propriedade privada. Nesse código a legislação trabalhista constava principalmente de restrições: eram proibidas as associações de empregados, as greves etc. A instituição familiar era também abordada: as leis garantiam o divórcio e submetiam a mulher à autoridade do marido, denominando "a cabeça pensante do casal"
O império: ascensão e queda
Os sucessos do governo de Napoleão entusiamavam as classes dominantes francesas. Como prêmio, em 1802, Napoleão foi proclamado cônsul vitalício, tendo o direito de indicar seu sucessor. Ambicioso de poder, Napoleão mobilizou a opinião pública para a implantação definitiva do império. Em 1804 foi realizado um plebiscito, pelo qual quase 60% dos votantes confirmaramo estabelecimento do regime monárquico e a indicação de Napoleão como imperador. Era o povo dando o cetro do poder ao Napoleão.
Em 1807, colocou à venda os títulos de nobreza, formando, assim, uma nova aristocracia, oriunda da alta burguesia, que passou a deter os mais altos cargos do governo. O exército, reformado e modernizado, era o grande respaldo do governo, e o recrutamento obrigatório tornou-o o maior da Europa, com mais de um milhão de soldados.
Liderada pela Inglaterra, preocupada com a ocupação de Hanôver (Alemanha) por tropas francesas, formou-se a Terceira Coligação (Inglaterra,Àustria, Prússia e Rússia) contra o império francês. Em outubro de 1805, Napoleão tentou invadir a Inglaterra, mas a marinha francesa foi vencida pelos ingleses, comandados pelo almirante Nelson. A derrota francesa deu-se na Batalha de Trafalgar, afirmando o poderio naval britânico.
Recuperando-se da derrota marítima, Napoleão conseguiu sucessivas vitórias terrestres sobre seus inimigos:a Àustria, na batalha de Austerlitz, em 1805, ocupando Viena; a Prússia, em 1806 e ela passou para o sistema de defesa francês. Em julho de 1806 formou-se a Confederação do Reno, extinguindo o Sacro Império com a renúncia de Francisco II ao trono e a submissão do Estado alemão á liderança francesa.Em 1807, formou-se a Quarta Coligação, entre a Rússia, a Prússia e a Saxônia, que queria a dissolução da Confederação do Reno.
O Bloqueio Continental
Mas, ainda inconformado com a derrota para os inglese, Napoleão procurou meios de enfraquecer a Inglaterra. Em 1806, decretou o Bloqueio Continental, proibindo todas as nações européias de comprarem produtos ingleses. Os países ocupados, os protetorados e os aliados da França tiveram de aderir ao bloqueio. Isso beneficiava a burguesia francesa, que, com reservas de mercado no continente, ampliou suas vendad e aumentou seus lucros.
Mas o contrabando de mercadorias para o continente europeu e o crescente comércio com o Novo Mundo permitiram à Grã-Bretanha escapar da ruína econômica, embora sofresse com o embargo. Além disso, o bloqueio castigava países que dependiam de impostos de importações da Inglaterra. A burguesia, que em geral apoiva as reformas de Napoleão, voltou-se contra ele. Além disso, seus esforços para impor o sistema criaram dois problemas: a ocupação da Espanha e a invasão da Rússia.
Os efeitos do Bloqueio Continental se faziam sentir. Em julho de 1807, a Rússia assinou a paz de Tilsit com a França, aderindo ao bloqueio. As indústria inglesas começaram a sentir o efeito da falta de mercado.
Alguns aliados da Inglaterra, como Portugal, por exemplo, tentaram resistir às pressões francesa para que aderissem ao bloqueio. Por essa razão, Napoleão invadiu Portugal, e seu governo teve de fugir para a colônia do Brasil em 1807. A mudança da Coroa portuguesa para o continente americano facilitou as atividades econômicas da Inglaterra, que podia negociar diretamente com o Brasil.
Na Espanha, os nobres e o clero espanhol temiam o liberalismo francês; a população, esmagadoramente campanosa, analfabeta e católica, via  Napoleão como um agente do  demônio. Fiéis a seu monarca e à igreja, os espanhóis travaram uma "guerra de faca" contra os invasores.
Um exército invisível de guerrilheiros espalhou-se pelo país. De emboscada, destruía comboios e postos fraceses. Aresistência espanhola esgotou o tesouro de Napoleão, além de permitir à Inglaterra ter uma base no continente para invadir o sul da França. Napoleão começou a sentir os primeiros sinais de enfraquecimento e as dificuldades para manter todas as conquistas.
Em 1809, formou-se uma Quinta Coligação, liderada pela Àustria, que, animada pela resistência espanhola, pretendia libertar-se do dominio francês. Essa tentativa resultou em fracasso, pois o poderio do exército francês e do Império Napoleônico atingia seu ponto mais alto. Mas esse apogeu não durou muito.
Enquanto isso na França, o recrutamento obrigatório e as constantes guerras criavam um clima de insatisfação geral. As péssimas colheita de 1811 aliadas ao Bloqueio Continental e à constante vigilância da marinha inglesa geraram falta de alimentos no país. Por outro lado, as indústrias francesas não conseguiram suprir todos os mercados da Europa, impedidos de comerciar com a Inglaterra por causa do bloqueio. A escassez de gênero de consumo ameaçava a estabilidade política dos governos aliados da França.
Internamente, as conspirações aumentavam: alguns realistas fundaram a organização Cavaleiros da Fé para combater  o império. Externamente, a Rússia, pressionada pela crise econômica, pois ela exportava para a Inglaterra matérias-primas destinadas à construção naval. Em 1811 o czar Alexandre I rompeu o bloqueio e abriu os portos do país aos navios britânicos. Em represália, Napoleão declarou guerra à Rússia.

Fracasso na Rússia
Em junho de 1812, Napoleão começou a invasão da Rússia. Entre agosto e setembro de 1812, o avanço francês foi tão rápido que as tropas chegaram a tomar Moscou. Em vez de combater os franceses em campo abero, os russos preferiram recuar, atraindo o inimigo para o interior do território. Na retirada, queimavam os lugares por onde as tropas de Napoleão ainda iam passar, destruindo campos cultivados e abrigos.A tática de retirada do general russo Kutuzov, conhecida como de terra arrasada, deixou a tropa inimiga sem abastecimento. Ao mesmo tempo, o rigoroso inverno das estepes russas ajudou a dilacerar o exército napolêonico, que, de um contingente inicial de 600 mil soldados recrutados entre várias nacionalidades - 200 mil animais e 20 mil veículos, viu-se reduzido a 30 mil homens famintos, doentes e sem munição, em novembro de 1812. A Prússia e a Àustria, animadas com a derrota de Napoleão, aliaram-se à Rússia e moveram guerra à França.
Os países ibéricos resistiam crescentemente à presença dos franceses e contava, ainda, com o auxílio inglês. Em março de 1813. Frederico Guilherme III, rei da Prússia, declarou guerra à França, valendo-se das técnicas militares introduzidas por Napoleão e com a adesão da Inglaterra, Suécia e Áustria, conseguiu derrotar as tropas francesas em outubro de 1813.Os soldados prussianos e os aliados perseguiram os franceses até Paris e, em março de 1814, marcharam nas ruas da cidade. Napoleão foi deposto e enviado como prisioneiro para a ilha de Elba,entre a península Itálica e a ilha de Córsega. Os vitoriosos ocuparam a França, restabeleceram a monarquia dos Bourbon e conduziram ao trono Luís XVIII, irmão do rei guilhotinado em 1793.

A Contra-revolução: o Congresso de Viena e a Santa Aliança
Para restaurar a antiga ordem nos países da Europa, pois as conquistas napoleônicas modificaram a divição política de quase toda a Europa Ocidental, era necessário que as coisas voltassem a serem como antes, e, por isso, representantes das grandes potências vencedoras, se reuniram em Viena, Àustria no ano de 1814 1815, cujo objetivo era restabelecer o quilibrio político do continente europeu,ou seja, o"equilibrio de forças entre as grandes potências" Com ele procurava-se evitar a hegemonia de algumas dessas potências.E o outro princípio defendido pelo Congresso foi o da legitimidade, que preconizava a restauração das dinastias destituídas pela Revolução Francesa e por Napoleão e consideradas como legítimas pelo Congresso. Os participantes foram, Àustria, Inglaterra, Rússia, Prússia e também França. Como resultado das decisões tomadas no Congresso o governo da Inglaterra obteve a ilha de Malta(no Mediterrâneo), o Ceilão(atual Sri Lanka, na Àsia) e a Colônia do Cabo (na atual África do Sul); o governo da Rússia anexou a Finlândia e parte da Polônia; a Confederação do Reno foi desfeita para dar lugar à Confederação Germânica, com 39 Estados, entre os quais a Prússia e a Àustria. A península Itálica continuou fragmentada em vários principados e repúblicas; a Bélgica uniu-se à Holanda para formar o Reino dos Países Baixos: a Suécia e a Noruega se fundiram; o Império Turco-Otomano manteve o controle dos povos cristãos do sudeste da Europa; e a França, derrotada, teve de aceitar uma série de imposições: seus limites retornaram a suas antigas fronteiras; pagou uma indenização de 700 milhões de francos aos vencedores; várias fortalezas do país ficaram em mãos de austríacos e prussianos; teve de restaurar a monarquia, cujo trono foi ocupado por Luís XVIII
Talleyrand, diplomata francês, exerceu importante papel durante as negociações. Sem sua participação, a França teria sido ainda mais prejudicada.
 O Congresso de Viena encerrou seus trabalhos em 1815. Essa época da história européia ficou conhecida como Período de Restauração, pois o objetivo do Congresso era restaurar as antigas famílias nobres que reinavam no continente antes da Revolução Francesa.
Para impedir qualquer movimento revolucionário que pretendesse questionar a ordem conservadora que se estabelecia na Europa, o imperador da Rússia propôs que se formasse um exército com forças de todas as potências vitoriosas. A Prússia e a Àustria aceitaram imediatamente, seguidas pela Espanha, que tentava, dessa forma, deter o processo de independência de suas colônias. Esse exército recebeu o nome de Santa Aliança,poi, para as forças conservadoras e a igreja, a luta contra a revolução social chegava a ter um caráter sagrado. Apenas a Inglaterra não fez parte dessa aliança, pois estava interessada em incentivar os movimentos de independência da América Latina.
Apesar de toda a repressão montada pela Santa Aliança, os movimentos revolucionários renasceram. Depois de 1820, ocorreram em vários pontos da Europa movimentos de características liberais ligados à burguesia e muitas vezes populares. No entanto, quase todos os movimentos foram, mais cedo ou mais tarde, sufocados. Em dois pontos do mundo, porém, a revolução estava dando certo: na Grécia, que se tornou independente da Turquia, e na América Latina, que estava em plena luta pela independência.
Nenhum país saiu do Congresso suficientemente forte para dominar o continente: nenhuma grande potência estava tão insatisfeita a ponto de recorrer à guerra para desfazer o acordo. O equilibrio do poder não foi pertubado até a unificação da Alemanha. A Europa não viveu outro conflito da magnitude das guerras napoleônicas até a Primeira Guerra Mundial, em 1914.

Os 100 dias: a breve volta de Napoleão 
Em fevereiro de 1815, durante a realização do Congresso de Viena, Napoleão fugiu de Elba, desembarcou na França à frente de um grupo de seguidores e marchou em direção a Paris. Ao aproximar-se das tropas enviadas por Luís XVIII,ordenou aos seus soldados para deter seu avanço, caminhou até elas e desafiou:"se há entre vocês um soldado que deseja matar seu imperador, eis-me aqui". As tropas gritaram "Viva o imperador!" e juntaram-se a ele, e entrou em Paris e foi recebido como herói. Bonaparte retomou o poder.
O novo governo do imperador, porém, duraria pouco menos de cem dias. Nesse período, Napoleão teve de enfrentar nova guerra contra os governos da Inglaterra, Prússia, Àustria e Rússia. Não foi bem-sucedido. Em junho de 1815 suas tropas foram derrotadas pelo exército inimigo, na batalha de Waterloo, na Bélgica.
Afastado do poder, Bonaparte foi enviado para Santa Helena, pequena ilha no Atlântico. Ali permaneceria até sua morte, em 1821. Na França, Luís XVIII foi reconduzido ao trono.    

Para refletir
Coroação de Napoleão: A formação de uma nova corte
Em 2 de dezembro de 1804, Napoleão Bonaparte organizou uma festa solene para sua coroação como imperador. O papa Pio VII viajou especialmente a Paris para coroar NapoleãoI, na catedral de Notre Dame.
No auge da cerimômia, Napoleão teve um gesto surprendente, arrogante e indelicado. Retirou das mãos do papa a coroa que seria levada à sua cabeça para, ele próprio, se coroar. Não admitia autoridade superior a si mesmo. Em seguida, coroou sua esposa, a imperatriz, Josefina.
Depois, Napoleão conferiu títulos de nobreza a seus familiares, nomeando-os para os mais altos cargos do império. Formou-se uma nova corte com os membros da elite militar, alta burguesia e antiga nobreza. Como símbolo do poder do império napoleônico, construíram-se grandes obras como o Arco do Triunfo (inspirado na arquitetura clássica romana). 
Texto de Gilberto Cotrim
Sinfonia para um general
O Compositor Ludwig Van Beethoven (1770-1827), nascido no Sacro Império Romano-Germânico, admirador das idéias de liberdade, autonomia do indivíduo e transformação radical, defendidas na Revolução Francesa, ele pensou em dedicar sua famosa Terceira Sinfonia, conhecida como Heróica a Napoleão Bonaparte, que, para Beethoven, encarnava os ideais da Revolução.
Em 1804, porém, ao saber que Napoleão se autoproclamara imperador, rasgou a antiga dedicatória e a substituiu por uma simples referência: "à memória de um grande homem".
As composições de Beethoven são profundamente intelectualizadas, mas também cheias de drama humano, impulsos heróicos e luta titânica contra as circunstâncias. Depois de uma certa idade ele ficou completamente surdo, o que não o impediu de continuar criando obras-primas. Desprezava os nobres e gostava de dizer "Nenhum decreto de rei é capaz de criar um grande artista".
O Código Napoleônico  "pela burguesia e para a burguesia" 
Inspirado no Direito Romano, o código civil francês foi elaborado entre 1804 e 1810 para conciliar a legislação com os princípios da Revolução Francesa de liberdade, fraternidade e igualdade.Ficou conhecido como Código Napoleônico. Esse conjunto de leis consolidou as grandes conquistas burguesas da Revolução e consagrou o fimdo feudalismo: garantiu o direito de propriedade, proíbiu a organização de sindicatos de trabalhadores, mas permitia a criação de associação de empregadores. Numa disputa judicial envolvendo discussão salarial, por exemplo, o Código determinava que o depoimento do patrão, e não o do empregado, fosse levado em conta. Assegurou a igualdade de todos perante a lei, mas restabeleceu a escravidão nas colônias francesas.
De um total de quase 2 mil artigos, apenas sete tratavam do trabalho, enquanto cerca de oitocentos abordavam a questão da propriedade privada. Ele também reforçava a autoridade de maridos e pais sobre esposas e filhos. Ele reforça a idéia de que para o burguês a mulher fazia parte de sua propriedade tal como o dinheiro, um prédio. O Código Napoleônico foi adotado em grande parte da Europa e em alguns estados norte-americanos.