sábado, 13 de março de 2010

Revolução Francesa

A situação da França antes da revolução
de 1789

As novas formas de produção industrial nasceram e se desenvolveram nos quadros do Antigo Regime existentes na França. Por isso, a sua natural expansão, como ocorreu na Inglaterra, encontrava obstáculos nas altas taxas cobradas pela nobreza, nos impostos cobrados pelo Estado absolutista e nas restrições estabelecidas pela política mercantilista. Em outras palavras, o absolutismo francês, diferentemente do inglês, resistia às transformações da sociedade. Era, pois, um sério obstáculo ao desenvolvimento dos meios de produção controlados pela burguesia.
Por isso, para a burguesia francesa era vital destruir o governo absolutista que sustentava todos os privilégios das corporações e da nobreza feudal. Foi o Iluminismo que, como movimento intelectual nascido na França, soube detectar as contradições e denunciá-las com clareza.
No fim do século XVIII, a população francesa estava divida politicamente em três ordens. O clero compunha o primeiro Estado; a nobreza , o segundo Estado. Eles eram os mais privilegiados, sustentados pelos impostos pagos pelo Terceiro Estado, que correspondia a cerca de 98% dos habitantes e eram composto de burgueses, trabalhadores urbanos e camponeses.
À época, o país enfrentava sérias dificuldades económicas. Além de endividada externamente, a França via sua agricultura sofrer com secas e sua indústria minguar por causa da concorrência inglesa. Como solução, os ministros do rei Luís XVI, influenciados pelo liberalismo, propuseram cobrar impostos da nobreza e do clero, até então isento de tributos. As classes dominantes pressionaram contra o projeto, e a situação política ficou tensa.
Para saber maishttp://www.youtube.com/watch?v=q-c8__Btz_U



Era na cidade que se encontrava a camada mais dinâmica da sociedade francesa: a burguesia, cujo sucesso estava intimamente ligado ao desenvolvimento de seus negócios e empreendimentos e que por isso, estava atenta a todas as oportunidades de ganhar dinheiro. Os grandes banqueiros e comerciantes eram a camada mais rica dessa classe e viviam dos grandes negócios; os advogados, médicos e outros profissionais formavam a camada intermediaria; finalmente, os usurários, pequenos lojistas e pequenos industriais formavam a pequena burguesia. Apesar de ricos e de controlar a produção e os negócios da nação, os burgueses não gozavam de nenhum privilégio politico ou social.
Ainda nas cidades, encontravam-se outro importante setor da sociedade: as camadas populares urbanas, que viviam de seu trabalho e suas condições de vida variavam de acordo com seus ganhos.
Uma minoria da população formava a camada privilegiada da época: a aristocracia, que incluía, além da nobreza, o alto clero (bispos,cardeais etc.). Para essas pessoas, a riqueza e a boa vida não dependiam nem da sorte nos negócios nem do trabalho pessoal, mas unicamente do seu nome, do nascimento nobre.Apesar de já não gozar da autonomia e do poder político de seus antepassados, tinham imensos privilégios: não pagavam impostos, cobravam taxas dos camponeses, além de receber algum tipo de pensão ou renda do Estado. Mas também nesse grupo de privilegiados havia diferenças: a pequena nobreza do interior era sustentada pelas taxas cobradas dos camponeses; a nobreza cortesã vivia na corte do rei e recebia pensões do Estado; e a nobreza judiciária, ou togada, ocupavam importantes cargos nas magistraturas da monarquia. Os indivíduos dessa parcela da nobreza provinham da alta burguesia, que compravam títulos de famílias nobres arruinadas.
A organização financeira do reino exerceu papel fundamental no desencadear dos acontecimentos revolucionários. A monarquia absoluta precisava ter um sistema de arrecadação de impostos para satisfazer suas necessidades. Ma os gastos eram sempre maiores que a receita, e essa tendência se acentuou no século XVIII, quando o défice do Estado atingiu altas taxas. Os impostos cobrados pela Coroa não atendiam às suas necessidades, o que a fazia recorrer a empréstimos da burguesia financeira para evitar a bancarrota. 
As guerras, a diplomacia, a dívida pública ( empréstimos) e os gastos com a corte eram responsáveis por mais de 75% das despesas da monarquia. A intervenção da França na Guerra de Independência dos EUA onerou ainda mais os cofres franceses. Ao mesmo tempo, o comércio interno francês não crescia, pois as alfândegas interna, herança feudal, impediam seu livre desenvolvimento.


 Para saber mais: shttp://www.youtube.com/watch?v=Hfe_Mt4V8h0"target="blank">
http://www.youtube.com/watch?v=qyEyB7PtBWs
A organização política da sociedade e o desencadear da crise
Quando subiu ao poder , o Luís XVI (1774) convocou, para o cargo de controlador geral das finanças, o fisiocrata Turgot, que julgava ser  a forma desigual da cobrança dos impostos o problema fundamental. Sem dúvida a maior parte da população pagava pesados impostos  diretos e indiretos; uma outra parcela da sociedade francesa pagava um pouco menos impostos, mas mesmo assim eram altos. A nobreza, por sua vez, era  isenta. Por isso tudo, Turgot propôs  então uma reforma tributária que cobrasse impostos proporcionais de toda a sociedade. Evidentemente, essa proposto foi vetada pela nobreza e Turgot se afastou do cargo.
Em 1778, com a entrada da França na guerra dos EUA, foi nomeado Jacques Necker . De início, Necker apelou para os empréstimos a fim de cobrir os gastos da guerra. Em 1781, percebendo que só os empréstimos não seriam suficientes, apresentou uma proposta de reforma tributária, na qual estava incluída a cobrança de impostos da nobreza. Por isso, foi afastado do cargo por ordem do rei, sob pressão da nobreza. A crise financeira abalava a autoridade do rei, principalmente perante a nobreza.
Entre 1783 e 1787 foram feitas novas tentativas de cobrar impostos da nobreza, mas a Assembleia dos Notáveis (de nobres),defendendo seus interesses, vetou as tentativas de reforma tributária.

Pressionado pela crise que se divisava sem saída, o rei, auxiliado por Brienne, o novo controlador, convocou os Estados Gerais, a câmara consultiva que a nobreza impusera à monarquia no século XIV. Dessa câmara participavam os representantes de toda a nação, mas de acordo com uma divisão obsoleta, em três ordens: primeiro estado, o clero: segundo estado, a nobreza; terceiro estado, o resto da nação.Ou seja, quem não fazia parte do clero ou da nobreza pertencia ao terceiro estado.
Os representantes se reuniam separadamente para deliberar sobre as propostas do rei. Em seguida formavam a assembleia, onde cada estado tinha direito a um voto. Dessa forma, as ordens privilegiadas ( nobreza e clero) tinham seus interesses garantidos, pois ao terceiro estado cabia apenas um voto.
O Antigo Regime demonstrava sua fragilidade: a convocação dos Estados Gerais agradavam, por motivos diferentes, á nobreza conservadora e á burguesia revolucionária.

Os primeiros passos da revolução

Os Estados Gerais haviam sido convocados para o dia 5 de maio de 1789. Sabia-se de antemão que a situação não mudaria se não se mudasse o sistema de votação. O rei tentou, usando a força, impedir que se discutisse a questão da proporcionalidade dos votos. Mas o terceiro  estado, com apoio de alguns nobres e clérigos mais cultos, tentaram mudar o sistema de votação.
Na sessão de abertura, no palácio de Versalhes, o rei frisou que a discussão deveria ser ater a questões financeiras e não a problemas políticos. Os deputados do terceiro estado, apoiados por elementos das outras ordens e principalmente por populares que tomavam conta das ruas de Paris, forçavam o debate de temas políticos. Em 16 de Junho, declaram-se em Assembleia Nacional Constituinte, exigindo uma constituição para a França. Fazer uma constituição significaria submeter o próprio rei às leis. Seria o fim do absolutismo.
Como o rei e a nobreza tentaram impedir o prosseguimento da rebeldia do terceiro estado, eles juraram não se separar até que "se tenha redigido e estabelecido uma constituição na França". Esse juramento ficou conhecido como juramento do jogo da Péla.
A noticia de que o rei reunia tropas para reprimir as manifestações de liberdade chegou à capital. Em Paris, no dia 14 de Julho de 1789, a população pobre (artesãos, operários, pequenos comerciantes, lavadeiras e costureiras) os chamados sans-culottes, tomou de assalto a Bastilha, antiga prisão do Estado e símbolo do poder absoluto do rei. As armas encontradas no local foram distribuídas entre os populares, que passaram a participar ativamente das lutas políticas. O exército real foi dissolvido e formaram-se milícias de cidadãos burgueses, que tentavam controlar o movimento popular das cidades.Os camponeses, por seu lado, invadiram propriedades e queimavam documentos de servidão, rebelando-se contra séculos de opressão e miséria. Reivindicavam a distribuição das terras entre aqueles que nelas trabalhavam. Os proprietários se atemorizaram, com medo de pagar com a própria vida a exploração que sempre exerceram sobre os camponeses. 
A Era das Constituições  ( 1789-1792)

A revolução estava acontecendo. Em 1789, a Assembleia Constituinte aprovou a célebre Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.. Baseada nos ideais iluministas, ela declarava que todos os homens nascem livres e iguais em direitos e que a única fonte de poder é o próprio povo. A liberdade individual foi considerada um direito inalienável. Todavia, essa Declaração também defendia o direito à propriedade privada, o que marcava a desigualdade entre os ricos e os pobres. Em lugar do privilégio pelo nascimento, o privilégio da fortuna.
A Constituição foi promulgada em 1791. Ela consagrava as liberdades individuais, estabelecia a separação dos três poderes , ou seja dividia o Estado nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Determinava a eleição de deputados da Assembleia Legislativa, com voto censitário (condicionado à renda), de modo que a maioria dos membros pertencia à elite burguesa. A França tinha se tornado uma Monarquia Constitucional. O rei ainda era o mesmo, Luís XVI, mas agora ele tinha que obedecer às leis criadas por deputados, cuja maioria estava ligada à burguesia. O absolutismo tinha acabado.
Enquanto  os deputados em Paris discutiam as novas leis, no campo os trabalhadores famintos resolviam fazer justiça por conta própria. Invadiram propriedades, demoliam castelos, queimavam documentos e tomavam pedaços de terra. Famílias de nobres eram linchadas pelos camponeses.Chegando as noticias a capital os deputados na noite de 4 de Agosto de 1789, chamada de a noite do Grande Medo, aprovaram a lei que abolia todos os privilégios feudais.
Em Julho de 1790, a Assembleia divulgou a Constituição Civil do Clero, que transformava os membros do clero em funcionários do governo e confiscava os bens das ordens religiosas. As novas leis assustaram a aristocracia, que emigrou para os países vizinhos, principalmente Holanda e Sacro Império (Alemanha). Nesses países, as forças conservadoras preparavam a contra-revolução.
Enquanto isso, na Assembleia os deputados estavam divididos em três grupos. Os  girondinos, representantes da nobreza e alta burguesia, sentados à direita do plenário, pretendiam a volta do Antigo Regime, eram mais conservadores e combatiam a ascensão dos "sans-culottes" (os que não usavam, traje da nobreza- ou seja, o povo).
Os Jacobinos, à esquerda, representavam a média e pequena burguesia, eram apoiados pelas camadas populares e buscavam ampliar a participação do povo no governo, defendendo o voto universal. Tinham como expoentes Danton, Marat, Hébert, Robespierre e Desmoulins.
Os deputados do centro, a maioria, apelidados de grupo do pântano, oscilavam entre jacobinos e girondinos. É dessa época as denominações direita, centro e esquerda para definir as posições políticas de grupos, partidos ou pessoas.
Os trabalhos da Assembleia Constituinte estavam quase terminados, quando o rei tentou fugir para a Prússia (Alemanha) para se reunir ao exército de emigrados e comandar a invasão da França. O rei foi preso na cidade de Varennes e enviado de volta a Paris. Ainda assim, a alta burguesia, temendo novo período de agitação popular, manteve a monarquia parlamentar.
Ate o momento a Revolução parece que está dando certo para a burguesia (representada pelos girondinos). Afinal, a burguesia tinha abolido tudo o que queria: o fim do absolutismo (existia agora uma Monarquia Constitucional), o término do feudalismo ( desde a noite do Grande Medo e a declaração da igualdade jurídica estabelecida pela Constituição) e o poder dos representantes burgueses. 
Acontece que a Revolução Francesa não tinha sido feita só pela burguesia. Quem realmente saiu as ruas foram os sans-culottes e os camponeses. Eles o que ganharam? Relativamente pouco. As eleições para deputados seriam com voto censitário, isto é, somente os cidadãos ativos, os que tinham considerável renda, poderiam votar. Pobres não participavam.Eram cidadãos inativos. As mulheres não possuíam direitos políticos. Apesar de as obrigações feudais estarem extintas, os camponeses continuavam sem direito a possuir um pedaço de terra. E, na cidade, a Lei de Le Chapelier proibia as greves, os protestos e as organizações dos trabalhadores. As massas populares tinham enfrentado os exércitos reais. Agora viam-se frustradas. Porém, tinham armas e a Revolução iria se radicalizar.
As massas, furiosas, foram para as ruas protestar. A Guarda Nacional dissolveu a manifestação. O que foi a  Guarda Nacional? Ela foi criada pela burguesia durante as revoltas de 1789. Só podia participar os cidadãos ativos, ou seja , os que tinham alta renda. Portanto, era uma política burguesa para  reprimir as manifestações populares, que eram bem menos armados que a Guarda Nacional.
Enquanto isso, as tropas formadas por Prússia e Áustria, junto com milhares de nobres franceses que tinham emigrado por causa da Revolução, uniram forças militares para atacar a França. Foram os homens comuns do povo que começaram a organizar a resistência. Eram os voluntários(os sans-culottes), liderados pelos jacobinos Robespierre, Marate e Danton. Na boca das pessoa, o hino revolucionário, a Marselhesa, começava a ser cantado. O palácio real foi cercado e combates violentos foram travados entre  o povo e soldados mercenários. Por fim, o rei Luís XVI foi capturado e preso pelo povo de Paris e pela Guarda Nacional que tomaram o Palácio das Tulherias, era o fim da monarquia na França  A Assembleia Nacional passou a chamar-se Convenção Nacional, a qual passou a ser eleita por voto universal.  Era a república.
Em Setembro de 1792, a Comuna Revolucionária de Paris, cheias de ardor revolucionário,e para não perder sua conquistas derrotaram as tropas contra-revolucionárias. Foi a Batalha de Valmy. Paris estava salva. O poeta prussiano (alemão) Goethe, que participou dos acontecimentos, afirmaria: "A partir de hoje e desse lugar tem início uma nova era na história da humanidade".
A República, o governo girondino e a revolução jacobina  
As diferenças políticas voltaram a aparecer entre os deputados da Convenção Nacional. Os jacobinos, também conhecidos como a Montanha, pois ocupavam a parte mais alta da sala, defendiam o controle da sociedade sobre as atividades do comércio e o voto popular e uma administração centralizada para o país. Os girondinos, sentados à direita defendiam a inviolabilidade da propriedade privada e  o voto censitário.
O julgamento do rei, acusado de alta traição, dividiu a Convenção: os jacobinos queriam a pena de morte, enquanto os girondinos buscavam outra solução, tentando evitar a radicalização da revolta. Em 14 de Janeiro de 1793, o rei foi condenado à morte .A execução foi realizada em 20 de Janeiro de 1793. Entretanto, os jacobinos ainda eram minoria dentro da Convenção, e os girondinos detinham o poder. O governo desta facção foi marcado por uma grave crise económica: a revolução paralisara muitos setores da produção e a política económica liberal do governo girondino favorecia a especularão, tornando insustentável a situação das camadas populares e pequeno burguês.
No dia 2 de Junho, grupos de sans-culottes armados cercaram a Assembleia e exigiram a prisão dos deputado girondinos. Imediatamente, os deputados jacobinos assumiram o governo.

Os jacobinos no poder

O novo governo revolucionário reativou o Comité de Salvação Pública, cuja liderança coube a Robespierre. Em Julho de 1793, o líder revolucionário popular Jean-Paul Marat foi assassinado por uma monarquista, desencadeando violenta reação do governo jacobino e do povo.
Foi elaborada uma nova Constituição, a mais democrática de toda a história da Europa: estabelecia o sufrágio universal, garantia o direito à insurreição, alimento e trabalho para todos os cidadãos. Para controlar os preços, o governo jacobino estabeleceu o "máximo", ou seja, o tabelamento dos preços dos alimentos, o que, de início, beneficiou os setores populares. Porém, logo surgiu o câmbio negro, prejudicando as camadas populares.
Mas outros problemas surgiram para os jacobinos: a nobreza contra-revolucionária ocupou uma região no sudeste da França (Vendéia), e a Inglaterra tomou o porto de Toulon (Mediterrâneo). No plano interno, a burguesia francesa, temerosa do radicalismo do governo, fomentou revoltas nas províncias, para desmoralizar os jacobinos. Para enfrentar a ameaça externa, o exército foi reformado, incorporando os sans-culottes, e, sob a liderança de Napoleão Bonaparte, retomou Toulon e a Vendéia. Internamente, o Comité de Salvação Pública suspendeu a Constituição e os direitos individuais, criando um tribunal revolucionário sumário, com poderes para condenar à morte na guilhotina qualquer pessoa suspeita de conspirar contra o governo. Por esses motivos, esse  período da Revolução Francesa ficou conhecido como período do Terror
Enquanto isso, medidas de caráter progressista eram tomadas: foi abolida a escravidão nas colônias, o que gerou a primeira revolução na América Latina, a da independência do Haiti. A reforma do calendário, de acordo com os fenómenos da natureza - os meses receberam os nomes de Termidor, Brumário, etc. - pretendia diminuir a influência da igreja católica na sociedade francesa.
O governo dos jacobinos, liderados por Robespierre, foi por excelência o governo da pequena burguesia: incentivou o aparecimento de pequenas propriedades no campo e pequenas oficinas artesanais. Esse fato é bastante importante para entendermos por que na França o desenvolvimento capitalista se deu de maneira diferente do que ocorreu na Inglaterra. Muitos historiadores afirmam que as pequenas propriedades teriam atrasado o estabelecimento do capitalismo de grandes empresas e comprometido, até certo ponto, o progresso industrial do país.
No entanto, a política de centro-esquerda de Robespierre foi tornando o governo jacobino isolado: de um lado, a execução de líderes das camadas populares, com Jacques Roux e Hébert, tirava-lhe o apoio dos sans-culottes; de outro, a intervenção do governo nas atividades económicas afastava a grande burguesia.
No dia 27 de Julho de 1794 (9 Termidor, pelo novo calendário) os deputados da alta burguesia proclamaram os jacobinos fora da lei e prenderam seus líderes Robespierre e Saint-Just, que foram executados na guilhotina, sem julgamento. Acabava a experiência pequeno-burguesa da revolução e o poder voltava às mãos da alta burguesia.

 Para saber mais: http://www.youtube.com/watch?v=UGDCAfJbQjc
http://www.youtube.com/watch?v=o2tqvKM9gPo

A Convenção Termidoriana e os Diretórios

Com o golpe de 9 Termidor, assumiu o governo o grupo da alta burguesia. Medidas de caráter anti-revolucionário foram tomadas: restaurou-se a escravidão nas colônias, aboliu-se a Constituição de 1793 e se instaurou uma feroz perseguição aos membros do partido jacobino. Suprimiu-se o "máximo", e os preços subiram rapidamente, gerando protestos, que foram contidos pelo exército.
O Diretório 
A nova Constituição estabeleceu o governo do Diretório, em que o poder Executivo ficava nas mãos de cinco diretores e o Legislativo era dividido em duas câmaras: a Câmara dos Quinhentos e a Câmara dos Anciãos. O governo do Diretório enfrentava forte oposição da extrema-direita de realistas(monarquistas) e da  esquerda, herdeira dos jacobinos. Em 1795, os monarquistas organizaram uma rebelião em Paris, ameaçando o governo do Diretório; Napoleão Bonaparte, general afastado por simpatizar com os jacobinos, foi chamado e, com o apoio da artilharia, esmagou a revolta em 5 de Outubro de 1795. Em maio de 1796, os  jacobinos, liderados pro Gracus Babeuf, rebelaram-se e também foram derrotados por Napoleão Bonaparte, que, com essas duas vitórias, caiu nas simpatias do Diretório.
O governo do Diretório trouxe um certo desenvolvimento económico: as indústrias têxteis e metalúrgicas progrediram, beneficiadas pela inflação. Mas foram as dificuldades internacionais que absolveram o governo do Diretório, com uma ofensiva à Áustria feita através da Itália e da Alemanha simultâneamente.
Napoleão Bonaparte comandou a ofensiva à Itália e rapidamente dominou o Piemonte, aliado da Áustria. O exército francês havia sido derrotado na Alemanha e a vitória de Napoleão tornou-o ainda mais popular; para consolidar seu prestígio, o general deu aos cofres franceses o produto das pilhagens feitas por seu exército nas ricas planícies do Norte italiano.
Em Outubro de 1797, a Áustria estava derrotada e assinou a paz de Campofórmio, em que cedia à França a margem esquerda do rio Reno e reconhecia o direito francês sobre a Bélgica e sobre Milão; em troca, recebeu a antiga República de Veneza.
As novas conquistas eram importantes para a França, que agora contava com aliados constantes, além de uma fonte segura de recursos. Com a paz de Campofórmio, a Primeira Coligação formada por Áustria, Prússia, principados do Sacro Império, Inglaterra, Espanha e Holanda, que lutava contra os franceses desde 1792, foi desfeita, e somente a Inglaterra permaneceu em guerra com a França. As tentativas de Napoleão para atingir os interesses da Inglaterra conquistando a Índia foram frustradas no Egito pela poderosa esquadra da marinha inglesa.
Enquanto isso, no continente europeu formava-se nova coligação de potências para lutar contra a França. Lideradas pela Inglaterra, forças da Rússia, da Turquia, da Áustria e de alguns pequenos estados europeus tomaram regiões conquistadas por Napoleão na Itália.
O povo francês estava cansado da inflação, especulação e corrupção do governo do Diretório. Todos os setores da sociedade francesa clamavam por um governo estável.
Napoleão, ciente da situação caótica do Estado, conseguiu ludibriar a esquadra inglesa que cercava o Egito e, em Outubro de 1799, desembarcou na França. Com apoio de vários setores da sociedade Napoleão e, inclusive de alguns membros do governo,deu um golpe de Estado em 18 Brumário (Novembro de 1799). Seu governo tinha um único objetivo: consolidar as conquistas da burguesia, criando condições para que o capitalismo se desenvolvesse plenamente na França.
Enfim, a Revolução Francesa marcou o fim do absolutismo na França e a subida definitiva da burguesia ao poder, preparando a consolidação do modo capitalista de produção. Mas essa revolução não ficou restrita à França: suas ideias espalharam-se pelo resto da Europa e atingiram a América Latina, que, inspirada nos ideais revolucionários franceses, iniciou um período de longas lutas contra a dominação dos países ibéricos.

  

EXPANSÃO MARÍTIMO-COMERCIAL







A expansão marítimo-comercial compreende o período das grandes viagens empreendidas pelos países europeus nos séculos XV e XVI em busca de riquezas além-mar. Inseridas no contexto do desenvolvimento do mercantilismo, elas resultaram numa importante revolução comercial e na formação de vastos impérios coloniais.
Alguns motivos para as navegações


Era necessário quebrar o monopólio árabe-italiano no comércio de especiarias(cravo, canela, pimenta, noz-moscada, gengibre) e de artigos de luxo ( porcelana, tecidos de seda, marfim, perfumes). Até então, os mercadores de cidades como Gênova e Veneza controlavam a entrada de todos os produtos vindos do Oriente ( Ásia e África). Era preciso encontrar outras rotas que evitasse o mar Mediterrâneo.


  • A grande crise dos séculos XIV e XV: A Guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra marcou toda a Europa, comprometendo as rotas comerciais terrestres que cruzavam a França. E, por sua vez a peste negra trouxe uma forte retração nas atividades comerciais, uma vez que dizimou a população. E, também para completar veio uma grande fome sob a população, devido a falta de alimentos. Era necessário conquistar novos mercados, fora da Europa, que fornecessem alimentos e também matéria-prima para incrementar as atividades econômicas.


  • Novos mercados para o artesanato e as manufaturas urbanas precisavam ganhar novos consumidores. Do contrário, permaneceriam estagnados, atendendo apenas às modestas necessidades de consumo das populações locais.
  • A Europa vivia um momento de esgotamento das minas de metais preciosos, o que bloqueava o comércio e provocava uma verdadeira sede de ouro. Era necessário descobrir jazidas de metais preciosos em outras regiões do mundo.
  • Foram os Estados nacionasi, já fortalecidos que impulsionaram a expansão marítima. O rei estaria assim, aumentando seus poderes, a nobreza manteria seus privilégios e a burguesia, aumentaria seus lucros.
  • Propagação da fé cristã.
  • Evolução tecnológica apropriada: navios, mapas, instrumentos de navegação ( bússola, do astrolábio e do quadrante, a caravela), a aceitação do conceito de que a Terra é redonda, etc.

A navegação marítima



No século XV, como não se conhecia o tamanho e a forma exata do planeta, quase todos tinham medo das longas viagens marítimas, principalmente pelo oceano Atlântico, conhecido como "Mar Tenebroso". Além disso, fantasias e lendas criavam um clima de insegurança entre os marinheiros.

Entretanto, a possibilidade de enriquecimento e de viver em melhores condições fazia com que muitos participassem das grandes viagens, mesmo temendo o mar. O tempo e a experiência marítima foram mostrando que muitos medos era justificados (tempestades ou naufrágios) e outros eram imaginários ( monstros marinhos e abismos, por exemplo).

A vida dos marinheiros nos navios não era fácil. Os alojamentos da tripulação eram imundos, rústicos e apertados, e as viagens, longas e desconfortáveis. Muitos morriam de escorbuto, devido à escassez de legumes e verduras (fontes de vitaminas C) na alimentação.

Contudo, diversas inovações técnicas colaboraram para o desenvolvimento da navegação marítima de longa distância, como a caravela, a cartografia e a bússola. A caravela foi a principal embarcação marítima utilizada pelos portugueses, era um navio de estrutura leve movido pelo vento; sua principal característica era a vela de formato triangular (latina), que podia ser ajustada em várias direções para captar a força do vento. Assim, qualquer que fosse o sentido do vento, a caravela podia navegar na direção desejada pelo piloto. Com as viagens marítimas, a cartografia(elaboração de mapas) teve significativo desenvolvimento. A partir do século XV, surgiram mapas com os primeiros registros das terras descobertas na África e na América. Esses mapas eram considerados verdadeiros segredos de Estadi, mas as informações circulavam quando o navegador de um país passava a servir a outro.

Outro instrumento de orientação espacial introduzido na navegação européia desse período foi a bússola, cuja invençaõ é atribuída aos antigos chineses. Foram, porém, os árabes que a levaram para a Europa, onde começou a ser utilizada pelos navegadores.

Trecho do livros História Global de Gilberto Cotrim

Expansão portuguesa

Com a unificação como monarquia nacional desde 1385, quando João I venceu a disputa com o reino de Catela e assumiu o trono do país na Revolução de Avis, Portugal foi a primeira nação européia a lançar-se ao oceano Atlântico. Além do governo forte, outros fatores que explicam a primazia portuguesa são a posição geográfica favorável, a situação de paz interna (ao contrário da França e da Inglaterra, envolvidas na Guerra dos Cem Anos), a determinação de disseminar a fé cristã e a avançada tecnologia náutica, cujos estudos - que resultaram na invenção da caravela- se concentravam na célebre Escola de Sagres.

Principais fases da expansão portuguesa

  1. A conquista de Ceuta

Dominada por árabes, Ceuta era um rico centro de negócios e militar situado no norte da África, onde se vendiam e compravam sedas, marfim, cera, mel, ouro e escravos. Entretanto, a conquista portuguesa deu-se de forma tão violenta e destrutiva que os comerciantes árabes afastaram-se da cidade. Depois de saqueada pelos portugueses, Ceuta perdeu seu brilho como centro comercial.

  1. A chegada de Vasco da Gama às Índias

O sonho dos portugueses era: chegar às Índias contornando a costa do continente africano (périplo africano). Para isso, os portugueses foram, pouco a pouco, avançando pela costa africana e estabelecendo feitorias (postos comerciais, onde obtinham ouro, sal, marfim, pimenta e escravos) pelo litoral. Finalmente, em 1498, Vasco da Gama chegou às Índias (Calicute), realizan0do o sonho dos portugueses.

Ampliam-se os horizontes para Portugal

  1. 1415 : Conquista de Ceuta.
  2. 1434 : Gil Eanes ultrapassa o cabo Bojador, considerado um temido obstáculo pelos portugueses.
  3. Em 1460, Portugal já havia chegado até a região da atual Serra Leoa. E para ajudar o católico país de Potugal, o papa Eugênio IV, garantiu-lhe através de uma bula o monopólio comercial no continente africano e o direito de "capturar e subjugar os sarracenos(muçulmanos) e pagãos (africanos) e qualquer outro incrédulo ou inimigo de Cristo, como também seus reinos,ducados, principados e outras propriedades, assim como reduzir essas pessoas à escravidão perpétua.
  4. Em 1488 Bartolomeu Dias dobrou a extremidade sul do continente africano, chamando o acidente geográfico ali encontrado de cabo das Tormentas, mudando esse nome para cabo da Boa Esperança.
  5. Em 1498 Vasco da Gamoa chega a Calicute, na Índia atual. Era a prova definitiva de que se podia chegar ao Oriente sem passar pelo Mediterrâneo.
  6. Em 1500 Pedro Álvares Cabral afastando-se da costa africana alcançou terras a oeste do Atlântico Sul. As razões desse afastamento - se propositado ou acidental - são discutidas até hoje entre alguns historiadores. Cabral avista um monte que recebeu o nome de monte Pascoal (por ser a semana da Páscoa); aterra foi batizada com o nome de Vera Cruz, posteriormente alterado para Terra de Santa Cruz. O nome atual, Brasil, só passou a ser adotado apartir de 1503, devido à grande quantidade da árvore chamada pau-brasil encontrada no litoral. Após isso, Cabral segue viagem em direção à Índia, a fim de estabelecer tratados de comércio com os povos do Oriente

Pero Vaz de Caminha, escrivão de Cabral descreve o Brasil ao rei de Portugal:

Esta terra, Senhor, é muito chá e muito formosa. Nela até agora não podemos saber se haja ouro, nem prata, nem nenhuma coisa de matal..., porém a terra em si é de muioto bons ares: as águas são muitas, infindas; em tal maneira é graciosa, que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela de tudo, porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente...

  1. Em 1501 o florentino Américo Vespúcio, a serviço do rei de Potugal, mapeou essas terras, chegando à conclusão de que não faziam parte das Índias, mas sim de um novo continente que, em sua homenagem, passou a ser chamado de Ámérica.





Entretanto, o enriquecimento do reino português era apenas aparente. Além de contar com o escassos recursos humanos e materiais, seus empreendimentos marítimos não condiziam com a dependência em relação a outros centros, especialmente as companhias comerciais holandesas e italianas. Interesses mercantis submetidos aos da coroa e nobreza a ela associada sugavam recursos e se tornariam mais um entrave ao desenvolvimento comercial. Assim, o capital gerado no processo acabou sendo transferido para outros centros europeus, seja pela dependência de financiamentos externos, seja pelos gastos da coroa e da nobreza, o que impediu um processo e acumulação de capitais para investimentos dentro do próprio reino.

Expansão Espanhola


Ocupados com a unificação dos reinos locais de Aragão e Castela, que ocorreu em 1469, e com a expulsão dos árabes, na Guerra da Reconquista, que só se concluiria em 1492, os espanhois começaram sua expansão marítima um pouco mais tarde. Em 1492, os reis Fernando de Aragão e Isabel de Castela aprovaram o audacioso plano de Cristóvão Colombo de chegar ao Oriente indo rumo ao Ocidente. No meio do caminho, no entanto, o navegador deparou com a ilha de Guanaani, atualmente San Salvador, parte das Bahamas. O episódio ficaria conhecido como o descobrimento da América. Porém, até então, pensava-se que as terras faziam parte da Ásia. Sendo assim, Portugal reivindicou direitos sobre as áreas descobertas, e, em 1493, as duas potências assinaram , sob a intermediação do papa Alexandre VI, a Bula Intercoetera, por essa os espanhois tinham assegurado a posse das terras americadnas descobertas ou a descobrir. Restava a Portugal a posse das terras africanas. Substituída no ano seguinte pelo Tratado de Tordesilhas, dividindo entre si as terras já conhecidas e as que ainda seriam descobertas por meio de uma linha imaginária localizada a 370 léguas do arquipélago de Cabo Verde. As terras situadas a oeste do meridiano de Tordesilhas pertenceriam à Espanha, enquanto as terras a leste seriam portuguesas. O "mundo descoberto" foi, assim, dividido entre portugueses e espanhóis. Entretanto, outros reis como o da França e o da Inglaterra, não concordavam com essa divisão.



Outros navegadores espanhóis


  1. 1499: Alonso Ojeda chega à Venezuela.

  2. 1500: Vicente Pinzón chega ao Brasil, no Amazonas

  3. 1511: Diogo Velasquez conquista Cuba.

  4. 1512: Ponce de León conquista a Flórida.

  5. 1513: Vasco Nunez Balboa alcança o oceano Pacífico.

  6. 1516: Dias Sólis chega ao rio da Prata.

  7. 1519: Fernão de Magalhâes e Sebastião del Cano partem para a primeira viagem de circunavegação( volta completa ao mundo). Magalhâes morre durante a viagem e Sebastiâo completa viagem em 1521.

  8. 1519: Fernão Cortez inicia a conquista do México.

  9. 1531: Francisco Pizarro inicia a conquista do Peru.

  10. 1537João Ayola chega ao Paraguai.

  11. 1541: Francisco Orellana explora o rio Amazonas.

Navegações Francesas, Inglesas e Holandesas.

Igualmente interessados em um novo caminho para o Oriente, e , não aceitando o Tratado de Tordesilhas, que dividia o mundo de então, entre Portugal e Espanha, franceses e ingleses lançaram-se às explorações marítimas, concentrando-se no Atlântico Norte, pois espanhois e portugueses já se dedicavam às rotas do Atlântico Sul. Com isso, supunham que poderiam encontrar uma "passagem noroeste" para a Ásia. A sonhada passagem noroeste não foi encontrada, mas possibilitou que França e Inglaterra ocupassem a parte norte da América, além de praticar a pirataria. Na Inglaterra, a pirataria foi oficializada. A monarquia inglesa autorizava ataques e pilhagens contra navios de nações inimigas, desde que os piratas (chamados de corsários ) dividissem os lucros dos saques com o governo inglês.

  • França: 1524: Giovano Verrazano explorou vasta região do litoral leste da América do Norte. 1534: Jacques Cartier explorou a região do atual Canadá navegando pelo rio São Lourenço.
  • Inglaterra: 1497: Giovanni Caboto atingiu a América do Norte (atual Canadá). 1577: Francis Drake, pirata inglês, empreendeu a segunda viagem de circunavegação, assaltando navios espanhóis.
  • Holanda: 1609: Henry Hudson, descobriu na área que hoje corresponde aos EUA o rio que atualmente leva o seu nome (rio Hudson). 1624: A Companhia das Índias Ocidentais, invade a Bahia, no Brasil. 1630: Forçados a se retirar da Bahia, os holandeses atacaram Pernambuco e conquistaram a região açucareira. Permaneceram no Brasil até 1654.

Consequências das navegações

Além de resultar na formação de enormes impérios coloniais, principalmente na América, a descoberta de novas terras e rotas comerciais provocou alterações profundas na sociedade européia. O Velho Mundo se tornou o centro e o principal beneficiado de um comércio mundial que interligava quatro continentes. Por causa disso, a diversificação dos produtos e o aumento dos valores negociados proporcionaram um enriquecimento maciço das burguesias. Essas mudanças, ficaram conhecidas como Revolução Comercial. Podemos definir a Revolução Comercial como o conjunto de mudanças que se operaram na economia mundial entre os séculos XV e XVII,consolidando de forma definitiva os alicerces do mundo capitalista. O mar Mediterrâneo, que constituía o principal eixo econômico europeu, acabou sendo suplantado pelo oceano Atlântico. O desenvolvimento da navegação através desse oceano possibilitou o acesso a vastíssimas regiões do globo até então desconhecidas dos europeus, tornando o comércio uma atividade de escala mundial.

A exploração das terras americanas, africanas e asiáticas significou, assim, não só a ampliação das opções de comércio, mas também a maior diversificação dos produtos comercializados e a expansão dos mercados consumidores e abastecedores. Além disso, a descoberta das jazidas minerais americanas assegurou o afluxo de grandes quantidades de metais preciosos, solucionando o problema da carência monetária européia. Assim, a expansão marítima, e o comércio europeu, estabeleceriam as condições financeiras necessárias para a burguesia européia produzir, por meio da acumulação primitiva de capitais, verificada durante o período da Revolução Comercial, uma transformação ainda maior: a Revolução Industrial.

O poeta Fernando Pessoa ao escrever sobre as navegações, está também, refletindo temas atuais e universais que preocupam os homens hoje.

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: "navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito desta frase, transformada a forma para a casar com o que eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não canto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torna-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a mina alma a lenha desse fogo. Só quero torná-la de toda a humanidade, ainda que para isso tenha de a perder como minha (...).

Mar português

Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele espelhou o céu.

Personagem:Zheng He (1371-1435) enquanto os portugueses se preparavam para iniciar suas viagens ultramarinas em direção ás Índias um navegante chinês, já dominava o oceano Índico. Eunuco oriundo de família muçulmana a serviço do imperador chinês. Entre 1405 e 1433, ele realizou sete expedições pelo oceano Índico, chegando à Índia, ao golfo Pérsico, à África oriental e ao sudeste da Ásia. Uma dessas expediçoes contou com uma frota de 62 embarcações e cerca de 30 mil marinheiros. Nessas viagens, os chineses entraram em contato com cerca de quarenta reinos, estabelecendo relações comerciais e diplomáticas com eles. Zheng He navegava com o auxílio de uma bússola, instrumento inventado pelos chineses quase 2 mil anos antes.




Para saber mais:

Feudalismo: Alta Idade Média da Europa Ocidental


Um encontro de Civilizações: "Bárbaros" versus Romanos

Durante os séculos III e IX o ocidente viveu um lento processo de fusão entre as culturas romanas e germânica que deu origem aquilo que viria a ser o mundo medieval Europeu.
O historiador Philippe Le Maître na Revista Viva nº 51 destaca que o ensino de que o Império Romano do Ocidente caiu em decorrência das "invações bárbaras" dos séculos IV e V foi uma criação da escola francesa, que privilegia a noção de ruptura e toma o ano de 476 como marco que divide a Antiguidade greco-romana e a Idade Média surgida da barbárie. Diz ele que, para os historiadores alemâes,noentanto, os eventos dos séculos IV e V se inserem num contexto mais amplo de crise das civilizações européias. No lugar de "invasões bárbaras", os germânicos preferem o termo "migração dos povos" para descrever ovasto movimento populacional que ao longo de vários séculos fez com que o Império Romano se "barbarizasse" por dentro. " Mais do que um simples jogo de palavras, para Maitre, a divergência entre franceses e alemães revela duas visões opostas sobre o mesmo fenômeno: para os primeiros, as "invasões" provocaram a ruína da civilização em geral e inauguraram um longo período de ignorância e obscurantismo; para os segundos, elas, ao contrário, libertaram os povos submetidos à tirania romana e permitiram o surgimento da civilização ocidental moderna".

A partir do século V, com o enfraquecimento do Império Romano, a Europa passou a sofrer diversas migrações ou invasões dos povos "bárbaros"- como os vândalos, pioneiros, que atravessaram a península Ibérica de norte a sul e chegaram à Africa; os anglo-saxôes, que desembarcaram na Inglaterra; e os lombardos, que se instalaram na Itália. Eles destruíram as instituições romanas mas, com exceção dos francos- cujo reino se desmoronou no século IX -, não conseguiram sustituí-las por outro Estado forte. A tomada do controle do comércio no mar Mediterrâneo pelos àrabes, nos séculos VII e VIII, deixou os europeus ainda mais enfraquecidos.
O clima de insegurança e instabilidade prosseguiu até o século IX, quando ocorreu uma nova onda de migrações, realizadas pelos Húngaros, Magiares e pelos Vikings ( normandos). Como forma de defesa, os nobres construìram grandes castelos, que funcionavam como fortalezas, em torno dos quais a população se instalou, buscando proteção. Essas propriedades ficaram cada vez mais isoladas umas das outras, o que criou a necessidade de produzir ali mesmo o que era preciso para sobreviver. A agricultura se tornou a atividade econômica mais importante e os donos das terras, os grandes chefes políticos e militares. Era o iníco do
feudalismo.

Para refletir:Por que esses povos eram chamados de "bárbaros"?Eram os povos que invadiram e ocuparam o território do Império Romano do Ocidente na fase final da Antiguidade. São de origem indo-européia. Os bárbaros eram assim chamados pelos romanos porque não tinham a cultura romana, habitavam fora do território romano e não falavam o latim. Podemos dizer que os "bárbaros" eram "os outros"dos romanos.
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Dinastia Merovìngia



Após se fixarem na Gália os Francos permaneceram divididis en tribos, cada qual com seu chefe. Um dele, Clóvis, começou a conquistar territórios vizinhos e, em 481 foi reconhecido como rei, iniciando  a primeira dinastia franca. Em 496 Clóvis converteu-se ao catolicismo. Desde então ele e seus descendentes passaram apresentear a igreja com terras, contribuindo para aumentar seu poder e riqueza. Assim, foi nessa época que Pepino o breve, doou a igreja um território na Itàlia, era o Patrimônio de São Pedro. Nascia então o Estado da igreja, já que o Papa passava a exercer o poder espiritual e temporal, e ter um território definido.
Após sua morte seus quatros filhos dividiram o reino entre si. Na época a Europa vivia um processo de ruralização e descentralização do poder, com a formação do feudalismo. Os próximos monarcas ficaram conhecidos como os Reis Indolentes, por demonstrarem pouca habilidade política. O poder passou para as mãos de altos funcionários da corte, os Prefeitos do Palácios, chamados Majordomus.
O Majordomus Carlos Martel ganhou prestigio com a vitória contra os muçulmanos na Batalha de Poitiers, em 732, que impidiu o avanço do islamismo sobre a Europa Ocidental. Após sua morte, seu filho Pepino, o breve, depôs o último rei merovingio,  e com o apoio do papa e da nobreza dá iniciou a dinastia Carolingia.  
Império Carolíngio e a formação do feudalismo

Carlos Magno conquistou a maior parte dos territórios europeus que haviam pertencido ao Império Romano do Ocidente e estendeu seus domínios também para o leste e para o norte. No ano 800, recebeu das mãos do papa Leão III a coroa e o título de Imperador dos Romanos e a incumbência de disseminar e defender a fé cristã.


Os Vassalos de Carlos Magno
No reinado de Carlos Magno, ampliou-se entre os germanos a antiga prática de conceder as terras conquistadas aos nobres guerreiros, em troca de seus serviços e de sua fidelidade.
Ao receber um território, denominado benefício (palavra de origem latina), o nobre fazia um juramento, tornando-se vassalo (servidor) do imperador. Este se tornava suserano do nobre.

A concessão do benefício dava ao beneficiado o direito de administrar os territórios recebidos e submeter os camponeses (servos) que ali estavam a infinitas obrigações e ainda, como os antigos colonos romanos, a impossibilidade de deixar a terra. Era isso que garantia o sustento ao nobre.


Os Vassalos dos Vassalos
Carlos Magno incentivou os vassalos a repartirem suas terra entre outros nobres, que se tornavam, então, vassalos dos primeiros. Assim,

também entre os membros da nobreza se estabeleceram compromissos de suserania e vassalagem.

O imperador conseguia manter a autoridade sobre seus vassalos, controlando o território do império por meio de funcionários reais, os missi dominici (enviados do senhor).


Como funcionava a Cerimônia de Investidura e Homenagem na Idade Média?

Era no contexto da concessão de um feudo que ocorriam cerimônias especiais: as cerimônias de homenagem e de investidura. Através da homenagem, quem ia ser vassalo ficava dependente do suserano e jurava-lhe fidelidade num ato onde colocava as mãos sobre uma bíblia ou sobre um objeto considerado relíquia de um santo. Nesse momento ele prometia por sua honra, ser fiel e verdadeiro seguidor do senhor a quem se tornara súdito. Através da investidura, o suserano entregava o feudo ao vassalo, levando-o para a nova terra ou dando-lhe um objeto simbólico da mesma ( estandarte, cetro, vara...). Apartir dai, haviam obrigações recíprocas entre ambos. O vassalo devia ao suserano fidelidade a ele e a seus bens, devia prestar-lhe serviço militar, ou ceder-lhe seus homens quando necessário a nível militar. A nível de justiça devia serviços no seu tribunal.
O suserano por sua vez  devia garantir aos vassalos a posse da terra, protegê-lo, auxília-lo e respeitá-lo, administrá-lo boa justiça e não tirar-lhe o feudo sem uma boa justificativa. Tudo isso era baseado na palavra de um contra o outro e na exploração da terra. Como a nobreza estava sempre envolvida em guerras a guestão de fidelidade e lealdade baseadas na honra era importante entre os senhores.
Podia ocorrer a ruptura do contrato vassálico, o que permitia o jogo político do sistema feudal devido a pluralidade dos compromissos de um mesmo vassalo. Quase todos os vassalos estavam ligados a vários senhores.Isso o levaria, muitas vezes optar por um deles. Assim os senhores mais poderosos, muitas vezes tentavam obter de seus vassalos a homenagem "´Lígia"- uma homenagem superior as demais homenagens. Ai que os soberanos tentavam obter de todos os vassalos de seu reino.  

Mas, a partir da morte de Carlos Magno, os vassalos do imperador foram se tornando mais poderosos. Muitos deles obtiveram poderes especiais (chamados imunidades) sobre seus territórios, passando a administrá-los sem nenhuma interferência do rei.

No tempo de Carlos Magno, a Igreja Católica tornou-se muito rica e poderosa. Ela recebia e doava benefícios, possuía vassalos, servos e escravos.
Além disso, a Igreja tinha uma sólida organização - já desde o tempo do Império Romano _,que as invasões germânicas não abalaram: todo o território do império era dividido em paróquias, cada uma delas sob a responsabilidade de um pároco. Várias paroquia formavam uma diocese, sob a direção de um bispo. As sedes das dioceses ficavam em idades chamadas cidades episcopais(do latim episcopus = bispo), e foram estas, praticamente, as únicas cidades que continuaram a existir depois das invasões. E, acima de todos, estava o papa, o chefe de todos os cristãos.

O clero da Igreja estava dividido em clero secular, cujos membros estava em contato com os fiéis;e o clero regular que viviam em mosteiros. Os monges seguiam rigorosas regras e estavam sob o comando do abade, chefe dos mosteiros.


A Divisão do Império Carolíngio


Quando Carlos Magno morreu, em 814, o Império foi herdado por seu filho e, depois, seus netos guerrearam entre si, disputando a Coroa. As lutas terminaram em 843, quando eles assinaram um tratado (Tratado de Verdun), dividindo o território imperial em três partes. Carlos, o Calvo, recebeu a parte correspondente à França; e a Lotário coube a parte central. A parte oriental (Alemanha) ficou com Luís, o germânico, o qual mais tarde deu origem ao chamado Sacro Império Romano-Germânico.


Renascimento Carolingia

Promovido por Carlos Magno, foi uma grande renovação educacional, artistica, monetária, jurídica e administrativa. Estimulou a formação de escola e tornou-se um dos responsáveis pela continuidade da cultura greco-romana.

Mais Invasores





Nos séculos IX e X ocorre nova invasões. A desintegração levou a um aumento do poder da nobreza local, fato que, somado às novas invsãoes, de normandos (Vikings originários da Escandinávia) e magiares (vindos da atual Hungria), ao sul, os muçulmanos atacaram o litoral da Itália e da França. Isso permitiu a consolidação do feudalismo na Europa, pois aumentou o poder da nobreza e de sua independência em relação ao rei. Ai começou-se a chamar de feudo as terras doadas pelo rei e senhores feudais seus proprietários. Para saber mais:http://www.youtube.com/watch?v=t9Ny1N6B4m0

A Igreja e o Sacro Império Romano-Germânico

Do processo de divisão do Império Carolíngio formaram-se dois reinos: um que corresponde à atual França e o outro, à atual Alemanha. Na região da atual Alemanha, o último rei carolíngio, Luís, morreu em 911. A partir de então, os nobres germânicos passaram a escolher entre eles o rei. O mais famoso rei eleito por esse processo foi OtoI, o Grande, coroado em 936; analfabeto, mas hábil e dinâmico, promoveu o desenvolvimento das artes e da cultura.

Em 955, Oto I derrotou os húngaros, que ameaçavam o leste europeu. Mais tarde, após dominar os lombardos no norte da Itália, desloca-se para Roma, atendendo o chamado do papa, que lhe pedia proteção contra os inimigos da igreja. Em 962, o papa João XII corroou-o com o título de imperador do Sacro Império Romano Germânico. Nascia assim um novo império, uma espécie de sucessor do Império Carolíngio. O Sacro Império tornou-se o mais extenso Estado europeu e, embora tenha sofrido transformações ao longo do tempo, sobreviveu durante quase oito séculos e meio, perdurando atá 18o6.


Questão das Investiduras no Sacro Império


A quem caberia nomear sacerdotes para os cargos eclesiásticos: ao papa ou ao imperador?
Esse problema, conhecido como Questão ou Querela das Investituras, remonta a meados do século X, quando o imperador Oto I, do Sacro Império , passou a intervir nos assuntos da igreja. Fundou bispados e abadias, nomeou seus titulares e, em troca da proteção que concedia à igreja, controlava as ações do papa. (Querela significa desacordo, e Investidura, vem do verbo vestir, em latim.Os vassalos recebiam de seu suserano a espada, símbolo do serviço e do comamdo militares, e o cetro, símbolo de justiça).
As investiduras feitas pelo imperador visavam a interesses pessoais e do reino, dando margem à corrupção entre os membros do clero. Bispos e padres colocavam seu compromisso com o soberano acima da fidelidade ao papa.
Em 1073 o papa Gregório VII, adotou uma série de medidas visando reformar a igreja, como; o celibato(1074) e a proibição da investidura de sacerdotes à cargos eclesiásticos pelo imperador. Este não aceitando a intromissão do papa e ordenou que ele abandonasse o papado. Gregório responde com a excomunhão do imperador. Ao mesmo tempo, liberou os vassalos do imperador do seu juramento de fidelidade, o que acabava com a autoridade do imperador sobre eles. O imperador acabou humilhando-se perante o papa e aceitou suas exigências, abrindo mão do direito de nomear os bispos. Porém, mais tarde, vingou-se de Gregório: invadiu a Itália e obrigou o papa a fugir, escolhendo ele proprio outro papa

Esse conflito só foi resolvido em 1122, pela Concordata de Worms, que adotou uma solução de meio termo: caberia ao papa a investidura espiritual dos bispos e ao imperador, a investidura temporal- antes de assumir a posse da região que lhe foi designada (bispado), o bispo também deveria jurar fidelidade ao imperador.

Era a vitória do papado que passava a controlar grande parte das terras do Império, pertencentes ao bispados. Tinha início a fase de supremacia do poder espiritual (do papa) sobre o temporal (do imperador).


FEUDALISMO: Uma Sociedade de Padres, Senhores e Servos




Após a ruína do Império Romano e a do Carolíngio, o sistema feudal reinou no velho Mundo. feudalismo foi o sistema político, social e econômico que predominou na Europa durante a Idade Média. Era marcado pela descentralização política, imobilidade social e auto-suficiência econômica dos feudos - as unidades de produção da época. Começou a se desenvolver após a queda do Império Romano do Ocidente, no século V, consolidou-se no século X, atingiu o auge no século XII e a partir do século XIII entrou em colapso. Durante a Baixa Idade Média, iniciou-se a transição que o substituiria pelo capitalismo, sistema dominante na História até hoje.Vamos ver como foi esse processo e como era a vida nessa época.

Poder Político Medieval


Um nobre organizando o trabalho no feudo.Ele é o poder local.
A principal característica política do feudalismo era a descentralização do poder. O rei tinha pouca ou nenhuma autoridade e, em troca de ajuda militar, era comum que cedesse grandes porções de terra(os feudos) a membros da nobreza. Esse costume, o beneficium, se tornou hábito entre os nobres,e eles passaram a doar terras entre si. A transmissão do feudo era realizado em uma cerimônia solene,constituida de dois atos principais:a homenagem(juramento de fidelidade do vassalo) e a investidura(ato de transmissão do feudo ao vassalo).O proprietário que recebia o terreno - vassalo - prometia fidelidade e apoio militar ao doador - suserano. Esse, por sua vez, jurava proteção ao vassalo.

Essa obrigação recíproca, uma das características mais marcantes do feudalismo, teve origem nas tradições dos invasores germânicos, que praticavam o comitatus - fidelidade mútua entre chefes tribais e guerreiros. Outros costumes que influenciaram a estruturação da ordem feudal vieram de Roma, como o colonato, que impunha a fixação do homem à terra e virou prática fundamental no regime da Europa medieval. Por essa dupla herança, pode-se dizer que o feudalismo é resultado do choque de dois mundos: o romano e o germânico..veja:http://www.youtube.com/watch?v=aNyPP7q3L_g


Sociedade Dividida


Na Alta Idade Média, a condição social de um indivíduo era determinada por seu nascimento e permanecia inalterada ao longo de sua vida. Mas essa imobilidade social não era absoluta. Os vilões - moradores da vila - não eram presos à terra como os servos. Eles prestavam serviços ao senhor feudal e podiam, por seus méritos pessoais, ascender na escala social.

A sociedade feudal estava dividida basicamente em três grupos:Nobres (Bellatores, palavra latina que significa "guerreiros") possuiam a terra e o monopólio militar. Em tempos de paz, as atividades favoritas eram a caça e os torneios esportivos, que serviam de treino para a guerra. Clero (oratores, palavra latina que significa "rezadores")nobres sacerdotes. Eram os dirigentes da Igreja,administravam suas propriedades e tinham grande influência política e ideológica(isto é, na formação das mentalidades e das opiniões) sobre toda a sociedade. Servos (laboratores, palavra latina que significa "trabalhadores")- maioria da população camponesa, os servos realizavam os trabalhos necessários à subsistência da sociedade. Ele podia ser trocado ou dado pelo senhor, não podia testemunhar contra homem livre, não podia tornar-se clérigo, Porém, ao contrário do escravo clássico, tinha reconhecida sua condição humana, podia ter bens e recebia proteção do senhor. (Hilário Franco Jr. A Idade Média: o nascimento do Ocidente. São Paulo, Brasiliense, 1999. p.192)

Em troca do direito de usar a terra, eles tinham de prestar serviços e pagar uma série de tributos. Entre as principais obrigações servis estavam a corvéia, trabalho gratuito; a talha, porcentagem da produção dada ao senhor; e a banalidade, pagamento pela utilização de instrumentos ou bens.

Economia Feudal


O feudo era a principal unidade de produção medieval e a agricultura, a base da economia. A produção era voltada para o consumo interno. Cada feudo mantinha-se isolado um do outro. O comércio era quase nulo. Alguns senhores feudais cunhavam as próprias moedas para a circulação interna, mas, de maneira geral, a atividade monetária também foi pouco desenvolvida.

Produziam-se basicamente trigo, centeio e cevada. Costumava-se utilizar o sistema de cultura em três campos(ou rotação dos campos), que evitava o esgotamento do solo por meio da alternância de plantações e de terrenos.

O Poder da Igreja: a senhora de terras e almas

O texto a seguir foi extraido da revista História e Vestibular, ano 2009, pg.34.
Nenhuma instituição foi tão rica, bem organizada e influente na Europa feudal quanto a Igreja Católica. Com a transformação do cristianismo em religião oficial do Império Romano, em 391, durante o reinado de Teodósio, a Igreja passoou a acumular fortunas e vastos territórios. No século V, a instituição tinha uma organização hierárquica definida - com padres e sacerdotes na base da pirâmide, bispos logo acima e o papa no topo - e estava bem instalada pelo continente. Os religiosos dedicaram-se a converter os bárbaros e a promover sua integração com os romanos, ganhando prestígio e passando a assumir funções administrativas nos novos reinos.

Além de deterem poder político e econômico, os sacerdotes formavam a elite que sabia ler e escrever e passaram a encerrar em si o monopólio do conhecimento. Não é atoa, os maiores expoentes da filosofia medieval são religiosos: Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino. O pensamento filosófico da época foi intensamente influenciado pelo cristianismo, confundindo-se com a teologia.Com tanto poder nas mão, as autoridades católicas fizeram de tudo para aumentá-lo ainda mais. Para isso, muitas vezes usavam como pretexto o suposto combate à heresia (prática contrária à doutrina da Igreja). O símbolo máximo dessa repressão foi a instauração, em 1231, dos tribunais do Santo Ofício, ou Inquisição, que tinham poderes para julgar e condenar à morte os réus considerados infiéis. Na verdade, quase todos os condenados eram simplesmente pessoas que discordavam dos desmandos católicos ou opositores dos aliados da Igreja. Foram vítimas famosas da Inquisição Joana D'Arc, queimada viva em1431, sob a acusação de bruxaria, e Galileu Galilei, que chegou a renegar suas descobertas cientifícas e foi condenado à prisão domiciliar, em 1633.

A intensa participação dos clérigos nas questões terrenas provocou reações de alguns cristão, que decidiram isolar-se para viver de forma simples, sob votos de castidade e pobreza. Desse setor nasceram as ordens monásticas, cujos membros habitavam mosteiros e se dedicavam ao trabalho intelectual e à oração. A ordem dos Beneditinos, fundada por São Bento, em 525, consolidou a estrutura dessas organizações. Saber mais:http://www.youtube.com/watch?v=xnbkX_LSkB4

A Inquisição








A Inquisição era formada pelos tribunais da Igreja Católica que perseguiam, julgavam e puniam pessoas consideradas hereges. Ela teve duas versões: a medieval, nos séculos XIII e XIV, e a feroz Inquisição moderna, concentrada em Portugal e Espanha, que durou do século XV ao XIX. Tudo começou em 1231, quando o papa Gregório IX - devido ao crescimento de seitas religiosas- criou um órgão especial para investigar os suspeitos de heresias. Atuando na Itália, na França, na Alemanha e em Portugal, a Inquisição medieval tinha penas mais brandas, como a excomunhão. Já sua segunda encarnação surgiu com toda força na Espanha de 1478.

As punições tornaram-se bem mais pesadas com a instituiçao da morte na fogueira, da prisão perpétua e do confisco de bens. A crueldade dos inquisidores era tamanha que o próprio papa chegou a pedir aos espanhois que contivessem o banho de sangue.

Dessa vez, os alvos principais eram os judeus e os cristãos-novos, como eram chamados os recém-convertidos ao catolicismo, acusados de praticar o judaismo secretamente. O fato é que esses grupos já formavam uma poderosa burguesia que atrabalhava os interesses da nobreza e do clero. O apoio dos reis aumentou o poder do Santo Ofício, que passou a considerar como heresia qualquer ofensa "à fé e aos costumes". A lista de perseguidos inclui ainda protestantes e iluministas, entre outros -Galileu Galilei, por exemplo, chegou a negar seus achados científicos para fugir da fogueira.


O Brasil nunca chegou a ter um tribual desses, mas emissários da Inquisição aportaram por aqui entre 1591 e 1767. Calcula-se que centenas de brasileiros foram condenados e mais de 20 queimados em Lisboa. Os inquisidores portugueses fizeram 40 mil vitímas, das quais 2 mil foram mortas na fogueira. Na Espanha, até a extinçaõ do Santo ofício, em 1834, estima-se que quase 300 mil pessoas tenham sido condenadas e 30 mil executadas.