terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Reforma Protestante

Renascimento e Reforma:http://www.youtube.com/watch?v=rojQQKLS89c&feature=related  outro: http://www.youtube.com/watch?v=-RWdgItYPj4&NR=1

A Reforma Protestante foi um movimento religioso de adequação aos novos tempos,ao desenvolvimento capitalista; cuja idéia no primeiro momento era de que a igreja católica acompanhasse os novos tempos.

Os fatores que desencadearamPodemos definir a Reforma como o movimento que rompeu a unidade religiosa na Europa Ocidental, dividindo os cristãos em católicos e protestantes. Com isso a igreja católica perdeu o monopólio que tinha sobre a religião cristã na Europa, pois os movimentos reformistas deram origem a novas organizações religiosas,novas igrejas denominadas genericamente de protestantes.
Uma das mais importantes causas da Reforma foi o humanismo evangélico, crítico da igreja da época. A igreja havia se afastado muito de suas doutrinas originais e de seus princípios, como a pobreza, a retidão e a simplicidade. No século XVI, o catolicismo era uma religião de pompa, luxo e ociosidade. Surgiram críticas em livros como Elogio da Loucura (1509), de Erasmo de Roterdã, que se transformou na base para que Martinho Lutero, rompesse com a igreja católica e fundasse a igreja luterana.
Moralmente, a igreja estava em decadência: aparentava preocupar-se mais com as questões políticas e econômicas do que com as questões religiosas. Para aumentar suas riquezas, recorria a vários expedientes,como,por exemplo, a venda de cargos eclesiásticos, de relíquias e, principalmente, das indulgências: a igreja garantia a comutação parcial ou total das penas devidas pelos pecados, em troca de uma soma em dinheiro. A venda de indulgências na Alemanha foi a causa imediata da crítica de Lutero e de seu rompimento com a igreja católica.
Outro fator importante para o início e a expansão da Reforma foi de orfem política. O processo de afirmação das monarquias nacionais alimentou o sentimento de nacionalidade das pessoas que habitavam uma mesma região, falavam a mesma língua e se identificavam com seu governante. A autoridade do rei, em cada país que se constituía, passou a entrar em conflito com o poder tradicional da igreja. Esse conflito se manifestava na arrecadação de taxas e impostos, na administraçaõ da justiça, na nomeação das autoridades religiosas, particularmente dos bispos. Tudo isso motivou o declinio da autoridade papal, pois o rei e a nação passaram a ter mais importância que o universalismo da comunidade cristã.
A ascensão da burguesia foi um fator também importante. Além do papel decisivo que essa classe representou na formação das monarquias nacionais e no pensamento humanista, foi fundamental na Reforma religiosa. Na doutrina católica tradicional, o comércio, a acumulação de dinheiro, os empréstimos a juro, a busca do lucro eram associados ao pecado e sempre colocados sob suspeita. A igreja estava identificada com a sociedade feudal, na qual a forma de riqueza preponderante, de forma quase absoluta, era a terra. A sociedade capitalista que nascia, promovendo o surgimento e a ascensão da burguesia, tinha na igreja católica um obstáculo ao seu desenvolvimento. A Reforma significou, nesse aspecto, a elaboração de doutrinas religiosas que, sem deixarem de ser cristã, estavam mais adequadas às atividades e aos interesses burgueses.
Pensamento filosófico da Idade Média
Durante a Alta Idade Média, o grande teólogo foi Santo Agostinho(354-430), um dos doutores da igreja, reponsável pela síntese entre a filosofia clássica - a platônica - e a doutrina cristã. Segundo a teologia agostiniana, a natureza humana é, por essência, corrompida, estando na fé em Deus a remissão, a salvação eterna. As principais obras de Santo Agostinho são Confissões e Cidade de Deus. Conforme a teoria da predestinação e da , de Agostinho, todos os homens nascem com seu destino traçado, para o bem ou para o mal. Assim, os reformadores basearam sua idéias na antiga teologia de Agostinho. Para alguns reformadores, os "escolhidos" de Deus ( ou seja, predestinados a serem salvos) seriam aqueles dotados de uma fé extrema. Outros defendiam que os escolhidos seriam aqueles dotados de bens materiais, com sucesso nos negócios, tidos como"sinais" de sua predestinação. Essa última alternativa confortava a burguesia, que enriquecia cada vez mais, mas via seus lucros sendo considerados pecaminosos pela igreja católica.
Essa visão pessimista em relação à natureza humana foi substituida na Baixa Idade Média por uma concepção mais otimista e empreendedora do homem, com a filosofia escolástica,criada por Tomas de Aquino(1225-1274), inspirado na teologia cristã e no pensamento de Aristóteles, elaborou a Suma Teológica, onde procurou harmonizar razão e fé, partindo do pressuposto de que o progresso do ser humano dependia não apenas da vontade divina, mas do esforço do próprio homem. Essa atitude refletia uma tendência à valorização dos atributos racionais do homem, não devendo existir conflito entre fé e razão, pois ambas auxiliavam o homem na busca do conhecimento. A igreja de Roma seguia a teologia de São Tomás de Aquino (tomismo), que defendia o princípio do livre-arbítrio( em oposição a predestinação de Agostinho), ou seja, a concepção de que cada indivíduo escolhe entre a sua salvação ou o caminho da perdição. Assim, o tomismo dava ao homem o poder de fazer o bem e evitar o mal, cabendo aos sacerdotes a tarefa de fornecer os sacramentos e orientar seus fiéis na escolha do caminho da salvação. Embora aceitasse as atividades comerciais, o tomismo - a doutrina escolática de Tomás de Aquino - reprovava a "ambição do ganho", considerando como pecado a usura ( empréstimo de dinheiro a juros) e qualquer transação em que os comerciantes obtivessem "mais do que o justo pelo seu trabalho".
Os precursores da Reforma

Antes que as críticas à igreja e a tendência à separação de parte de seu clero ganhassem feições mais definidas, alguns intelectuais apresentaram, durante os século XIV e XV, uma série de denúncias sobre o comportamento imoral de membros da igreja visando conter os seus abusos e torná-la mais próxima dos fiéis.

John Wyclif (1330-1384), professor da Universidade de Oxford, atacou severamente o sistema eclesiástico, a opulência do clero e a venda de indulgências, insistindo em que as Sagradas Escrituras eram a verdadeira fonte de fé. Wyclif pregava ainda o confisco dos bens da igreja na Inglaterra e a adoção pelo clero dos votos de pobreza material do cristianismo primitivo.
John Huss (1369-1415), professor da Universidade de Praga, corroborou as afirmações de Wyclif, associando o reformismo religioso ao anseio de independência nacional da Boêmia diante do domínio germânico do Sacro Império. Depois de os hussitas ganharem muitos seguidores e servirem de estímulo à chama nacionalista que produziria sucesivas lutas regionais, John Huss acabou sendo preso, condenado e morto na fogueira.



Reforma começou na Alemanha

No século XVI, a Alemanha não era, um Estado politicamente centralizado. Na ausência de um poder central efetivo, apesar da existência de um imperador, fazia com que a nobreza fosse muito poderosa e autônoma. Cada princípe ou senhor local conservou os seus poderes de origem feudal, como de cunhar moedas, fazer justiça e recolher taxas e obritações servis. Além disso, os nobres alemães conservavam uma prática típica do espírito guerreiro medieval, altamente prejudicial ao comércio: o saque. Mercadores em trânsito e camponeses eram constantemente expropriados.A burguesia alemã, comparada à de outros paises da Europa, era debil. Os comerciantes e banqueiros mais poderosos estavam estabelecidos no sul, às margens do Reno e do Danúbio, por onde passavam as principais rotas comerciais, onde se produzia e se exportava vidro e papel. Era uma região também importante do ponto de vista financeiro, com grandes financistas que emprestavam dinheiro a juros, dinamizando as atividades econômicas.

Quem se opunha à igreja na Alemanha

A igreja católica alemã era muito rica. Seus maiores d0mínios se localizavam às margens do Reno, chamado de "caminho do clero". Esses territórios alemães proporcionavam grandes rendimentos à igreja. Ela era uma verdadeira senhora feudal, se apropriando de grande parte da riqueza produzida pelos camponeses. Assim, o clero, principalmente os que ocupavam altos postos na hierarquia da igreja, eram identificados com a nobreza espoliadora e opressora.
A burguesia também se sentia oprimida pela igreja, na medida em que esta pregava uma doutrina que colocava as atividades dessa nova classe social sob suspeita constante de pecado.Os senhores feudais alemães, principalmente a nobreza decadente, em uma economia mercantil em desenvolvimento, tinham dificuldades em manter o estilo requintado de vida ao qual estavam acostumados. A disputa pela terra e pela renda dos camponeses se tornou acirrada na Alemanha. Os camponeses eram cada vez mais oprimidos: pela igreja, pela nobreza e até pelos burgueses que emprestavam dinheiro a juros. As imensas e rendosas terras da igreja naturalmente despertavam a cobiça dos nobres e o sonho de uma vida melhor para os camponeses. Assim, às vésperas da Reforma, a luta de classes assumia um caráter de disputa religiosa na Alemanha.
Reforma Luterana: a salvação não se alcança pelas obras, mas somente pela fé
Lutero iniciou suas pregações na Universidade na Saxônia, defendendo a doutrina da salvação pela . Em 1517, revoltado com a venda de indulgências pelo dominicano João Tetzel, fixou na porta de sua igreja as 95 teses, onde criticava o sistema clerical dominante e apresentava sua nova doutrina.Essas teses foram distribuidas por todo o país, recebendo apoio da população.



Algumas das 95 teses de Lutero:

  1. "21. Erram os pregadores de indulgências quando dizem que pelas indulgências do papa o homem fica livre de todo o pecado e que está salvo.27. Enganam os homens que dizem que, logo que a moeda é lançada na caixa a alma voa(do Purgatório).33. Deve-se desconfiar daqueles que dizem que as indulgências do papa são um inestimável dom divino pelo qual o homem se reconcilia com Deus.36. Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem plena remissão do castigo e do pecado;ela é-lhe devida sem indulgências.86. Por que é que o papa(...) não constrói a Basílica de São Pedro com seu próprio dinheiro e não com odas suas ovelhas?
Iniciava-se, assim, a longa discussão entre Lutero e as autoridades católicas, que terminou com a decretação de sua excomunhão, em 1520. Para demonstrar firmeza e descaso diante da igreja católica, Lutero queimou em praça pública a bula papal Exsurge domine, que o condenava. Com o poio das classes ricas (nobreza e alta burguesia), Lutero conseguiu divulgar sua doutrina religiosa pelo norte da Alemanha, na Suécia, Dinamarca e Noruega.A nova doutrina luterana, a partir da Confissão de Augsburgo, assumia alguns princìpios de Santo Agostinho, como o da predestinação e a "justificação pela ". Para os luteranos a Bíblia era autêntica base da religião e, portanto, o culto devia reduzir-se à leitura e ao comentário das Sagradas Escrituras. Além disso, defendiam que apenas as prática instituídas por Cristo e por ele transmitidas no Novo Testamento é que deveriam ser conservadas.
Dessa maneiro, dos sete sacramentos defendidos pela igreja católica, apenas dois foram reconhecidos pelos luteranos: o batismo e a eucaristia. Não aceitaram mais o culto à virgem e aos santos e negaram a existência do purgatório. Nos cultos passou-se a usar a língua naciona em vez do latim. Os ministros protestantes podiam casar e ter filhos. Além disso, o luteranismo assumiu uma postura de não-intervenção direta na política do Estado, separando o poder espiritual do temporal.

Reforma Calvinista: a salvação depende da escolha de Deus.

Inspirado no luteranismo alemão, o francês João Calvino publicou, em 1536, uma obra chamada Instituição Cristã, na qual apresentou os pontos centrais do que, mais tarde, viria a constituir-se na doutrina calvinista. Esta obra foi uma resposta de Calvino a Francisco I, rei da França, que perseguira os luteranos franceses. Passado algum tempo, Calvino acabou sendo expulso da França.Suas pregações obtiveram rápido sucesso, primeiramente na Suíça, área que tinha se separado do Sacro Império Romano Germânico (1499) e que vivia em meio aos conflitos dos partidários dos protestantes e seus opositores. Em 1541, Calvino foi convidado a assumir a posição absoluto e intransigente. Calvino criou o Consistório, órgão que controlava a política, a economia e os costumes dos seus cidadãos, além de punir as transgressões.
O culto e as práticas religiosas estabelecidos pelos calvinistas eram simples e rigorosos, resumindo-se apenas no comentário da Bíblia, nas preces e nos cantos. Exigia-se que os fiéis se apresentassem e se comportassem de maneira discreta e sóbria. Como no luteranismo, também não se admitiam imagens. Os pastores não eram tidos como intermediário entre Deus e os homens, mas simples fiéis, encarregados da pregação. Na vida em sociedade, os fiéis estavam proibidos de dançar, jogar cartas, ostentar sua riqueza ou ficar fora de casa depois das nove horas da noite.

Calvino via no sucesso econômico um reflexo da predestinação do indivíduo:mercadores, banqueiros e artesãos eram vistos como os escolhidos para a salvação eterna. Dessa maneira, a miséria era uma demonstração dos males e dos pecados do homem, devendo ser combatido: os que não alcançassem sucesso econõmico eram então marginalizados. Reconhecendo e exaltando o lucro e o trabalho(até então o trabalho manual era visto como algo reservado apenas para servos e escravos),Calvino passou a ser considerado o pregador espiritual do ideal burguês, conseguindo rápida aceitação entre a burguesia. Correspondendo aos interesses da burguesia, o calvinismo espalhou-se por países onde se expandia o capitalismo, como França, Inglaterra, Escócia e Holanda. Assim, essa linha de pensamento serviu como uma resposta à nova sociedade comercial que já não se identificava mais com algumas exigências do catolicismo, mas que não queria abrir mão de sua espiritualidade, pois a visão do céu e do inferno difundida na Idade Média, bem como o temor dos castigos deteminados por Deus, continuava bastante presente.

Reforma Anglicana: o rei torna-se chefe da igreja inglesa

Henrique VIII (1509-1547), rei da Inglaterra, tinha sido um fiel aliado do papa, recebendo o título de Defensor da Fé. Entretanto, uma série de questões políticas e econômicas o levaram a romper com a igreja católica e a fundar uma igreja nacional na Inglaterra, isto é, a Igreja anglicana. A igreja católica exercia grande influência política na Inglaterra. Para fortalecer o poder da monarquia inglesa, Henrique VIII percebeu que era preciso reduzir a influência do papa dentro da Inglaterra. Além disso a igreja era dona de grande parte das terras e monopolizava o comércio de relíquias sagradas. E a nobreza capitalista inglesa queria apossar-se das terras e dos bens da igreja. Para isso era preciso apoiar o rei, a fim de enfraquecer os poderes da igreja católica.

Casado com a princesa espanhola Catarina de Aragão, Henrique VIII teve com ela uma filha para sucedê-lo no trono. Entretanto estava bastante descontente com seu casamento. Primeiro devido à origem espanhola de sua esposa, já que a Espanha era inimiga da Inglaterra. Segundo, porque desejava um herdeiro masculino e pretendia casar-se com Ana Bolena. Como Catarina era tia de CarlosV, imperador do Sacro império Romano-Germânico, então em guerra comtra Lutero, o papa não concedeu a anulação, a fim de não entrar em choque com Carlos V, seu aliado religioso. Inconformado, em 1534, Henrique rompeu oficialmente com a igreja de Roma publicando, pelo Parlamento, o Ato de Supremacia, documento por meio do qual tornava-se chefe da igreja na Inglaterra. Excomungado pelo papa, Henrique VIII, em represália, confiscoou os bens da igreja católica na Inglaterra. Criava-se a igreja anglicana, mas nada foi modificado en termos de doutrina e culto em relação à católica.
Após a fundação da igreja anglicana ocorreram, nos governos dos sucessores de Henrique VIII, tentativas de se implantar o calvinismo e também uma reação católica. Somente no reinado de Elizabeth I (filha de Ana Bolena) consolidou-se a igreja anglicana, com a mistura de elementos do catolicismo e calvinismo.


Principais resultados do movimento reformista

1.Enfraqueceu o poder político da igreja católica.
2.Aumentou o poder dos reis, que deixaram de sofrer a interferência do papa nos assuntos nacionais.
3.Fortaleceu os burgueses, principalmente com a difusão das idéias calvinistas que justificavam seus lucros.
4.Difundiu a instrução religiosa, pois os protestantes passaram a ler a Bíblia(traduzida em alemão por Lutero e em fracês por Calvino) e os católicos a aprofundar seus conhecimentos sobre a doutrina da igreja.
5.Estimulou a participação dos fiéis nos cultos religiosos.
6.Deu origem a conflitos religiosos entre os católicos, que queriam manter seu poder, e os protestantes, que pretendiam aumentar sua influência. Na França, por exemplo, houve a Noite de São Bartolomeu(1572), ocasião em que mais de 30.000 protestantes foram assassinados por católicos. Frequentemente, esses conflitos foram manobrados por chefes de governo, para servirem a seus interesses políticos e econômicos.
7.Provocou o surgimento, em alguns casos, de idéias mais radicais referentes à reorganização da sociedade, de acordo com a "justiça de Deus". Isso aconteceu principalmente na Alemanha, onde um grupo de camponeses liderados por Thomas Munzer, além de pretender a volta a uma igreja primitiva, queriam a abolição da propriedade privada e a intalação de um regime comunitário de propriedade da terra. Não tiveram o apoio de Lutero, e a revolta camponesa, que pretendia implantá-las, foi duramente reprimida pela nobreza. Tanto Lutero quanto os nobres queriam apenas uma reforma religiosa e não uma revolução social.
8.Fez surgir a Contra-Reforma.


Contra-Reforma: a reação católica ao movimento protestante

Diante do avanço protestante, a reação inicial e imediata da igreja católica foi punir os principais rebeldes. Com isso, esperava que a idéia dos reformadores fossem sufocadas e o mundo cristão recuperasse a unidade perdida. A tática, entretanto, não deu bons resultados. O movimento protestante espalhou-se pela Europa, conquistando um número crescente de seguidores. Diante disso, teve início dentro do catolicismo um amplo movimento de moralização do clero e de reorganização da igreja, que ficou conhecido de Contra-Reforma. Vamos destacar algumas medidas que marcaram a Contra-Reforma:


1. A criação da Ordem dos Jesuítas
A Ordem dos Jesuítas ou Companhia de Jesus foi fundada pelo militar espanhos Inácio de Loyola, em 1534. Inspirados na estrutura militar, os jesuítas consideravam-se os soldados da igreja, cuja missão era combater a expansão do protestantismo. Entretanto, o combate deveria ser travado com as armas do espírito. Para tanto, Inácio escreveu um livro básico, chamado Os exercícios espirituais. Nele apresentava formas de converter o indivíduo ao catolicismo através de técnicas de contemplação. A principal estratégia dos jesuítas, no entanto, foi investir na criação de escolas religiosas. Outra arma utilizada foi a Catequese dos não-cristão. Isso os tornou o braço mais forte da igreja católica na expansão das nações modernas pelos novos territórios durante o período das grandes navegações. Além disso, monopolizaram as instituição de ensino de diversas regiões, difundindo a ideologia católica romana.

2. A realização do Concílio de Trento (1545-1563)

No ano de 1545, o papa Paulo III convocou um Concílio, cujas primeiras reuniões foram realizadas na cidade de Trento, na Italia. Ao final de longos anos de trabalho, o Concílio apresentou um conjunto de decisões destinadas a garantir a unidade da fé católica e a disciplina eclesiástica, como fori reafirmado os princípios tomistas do catolicismo, como o livre-arbítrio- ou seja, a crença em que a salvação é decorrente da conjugação da fé do indivíduo e das boas obras que realiza -, o culto dos santos e á mãe de Jesus, e a infabilidade do papa. Em contraposiçao, proibiu-se a venda de indulgências e, visando à melhor formação dos clérigos, determinou-se a criação de seminários e proibição da venda de cargos eclesiásticos.

3.Em Trento, também ficou estabelecido o fortalecimento do Santo Oficio da Inquisição como parte de sua estratégia de combate aos infiéis reformadores. O Santo Ofício servia, agora, para vigiar e normalizar a fé e a vida dos fiéis. A perseguição inquisitorial estendeu-se a todos os que, de acordo com seus critérios, pusessem em risco a fé em Cristo, não só os reformadores mas todos os suspeitos de heresias, desde homens comuns até membros do clero. Com na Idade Média, utilizaram-se tortura e julgamentos injustos,causando a morte de milhares de pessoas.




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Personagem: Martinho Lutero(1483-1546) - monge agostiniano e destacado teólogo, mostrava-se obsecado com o tema da salvação. Buscava compreender o ensinamento da igreja de que a salvação dependia da fé, das obras e da graça. As práticas defendidas pela igreja para se obter a salvação - as boas ações, as orações, o jejum,as peregrinações, a missa e os outros sacramentos - jamais haviam proporcionado paz de espírito a Lutero. O conceito de salvação pela fé parecia responder à sua busca espiritual. Afé, dada gratuitamente por Deus através de Cristo, proporcionaria a salvação. Com base nisso, Lutero concluiu que, por mais numerosas e necessárias que fossem, as boas ações não trariam a salvação. Para saber mais, muito interessante sobre a vida de Luterohttp://video.google.com/videoplay?docid=-4223717214932827277#

Henrique VIII(1509-1547) - rei da Inglaterra . A primeira esposa de Henrique VIII, Catarina de Aragão, era filha dos Reis Católicos da Espanha, Fernando e Isabel, e teve seis filhos, dos quais apenas a princesa Maria sobreviveu. Sem herdeiro do sexo masculino, o rei separou-se dela em 1531 para casar-se com Ana Bolena a qual deu à luz a futura rainha Elizabeth I. Acusada de adultério e incesto foi decapitada em 1536. O rei casou-se logo em seguida com Jane Seymour, a qual lhe deu o herdeiro que tanto ansiava, Eduardo, morrendo em seguida pelas complicações do parto. Com a morte desta terceira esposa, o rei casou-se novamente, desta vez com Ana de Cleves, em 1540, divorciando-se seis meses depois. No mesmo ano, Henrique VIII casou-se com Catarina de Howard, uma dama de honra da esposa anterior, a qual acabou escapitada devida às suaa aventuras extra-conjugais. O último casamento de Henrique, o sexto, foi com Catarina Parr, viúva duas vezes e que, com a morte do rei, encerrou sua terceira viuvz casando-se com um almirante da marinha real.






































Feudalismo - aula

Esse filme é uma aula do professor Toid

Assunto: Final do Império Romano e Feudalismo.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Mercantilismo



O Estado Absolutista comanda

O mercantilismo é o nome que se dá ao conjunto de práticas econômicas que teve início no final da Idade Média e que se desenvolveu durante a Idade Moderna. Uma das principais características do mercantilismo foi a intervenção do Estado nos assuntos econômicos, ou seja, era o monarca,  que decidia sobre o comércio, concedia os monopólios(direito de exclusividade para atuar em certos territórios ou rotas comercias), estabelecia a moeda -impulsionando a economia nacional .
Essa prática econômicas se desenvolveu na Europa entre os séculos XV e XVIII. Timha como como objetivo fortalecer o Estado e a burguesia, na fase de transição do feudalismo para o capitalismo.Isto é, durante o período em que os Estados europeus realizaram suas acumulações primitivas de capital. Para saber mais:http://www.youtube.com/watch?v=rFVAKHqkvcE"target="blank">http://v=a860sbwqy7i&feature=related%22target=%22blank%22%3e/http://www.youtube.com/watch?v=Y2sy6SOULBg&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=MlhZIw18pZk&NR=1

Princípios mercantilistas
Para acumular o máximo de riquezas (geralmente na forma de metais preciosos), os Estados modernos europeus adotavam certas estratégias chamadas de política mercantilista. Eis algumas delas:
1. balança comercial favorável: a política foi conduzida de forma a vender mais produtos do que comprá-los de reinos estrangeiros. Assim, a exportação garantiria a entrada de pagamentos, principalmente na forma de metais preciosos,ou seja, comprar barato e vender caro. 2. Metalismo: a idéia era de que a riqueza de um país dependia de sua capacidade de acumular metais preciosos. Mais tarde, percebeu-se que isso não bastava: era necessário desenvolver a produção interna. 3. Protecionismo: era a prática de colocar taxas e tarifas nos produtos importados, encarecendo-os e dificultando, portanto, a sua obtenção. Essa medida visava estimular a produção interna. Dessa forma, não se gastava metais preciosos e moedas adquirindo produtos no exterior. 4.Incentivo à construção naval: devido a grande importância que o comércio marítimo assume e Criação das Companhias de Navegação. 5. Política Demográfica Favorável : incentivo ao aumento populacional: aumento da mão-de-obra disponível, mais produção e diminuição dos salários.
Estilos Mercantilistas
As medidas tomadas pelos Estados europeus mercantilistas variaram de país para país em virtude de suas condições particulares. Na Espanha, teve maior importância a exploração de metais preciosos nas colônias, predominando o metalismo - também chamado de bulionismo, pois bullion, em inglês, é lingote, a forma em que o ouro ou a prata eram fundidos depois da mineração. Na França, priorizaram-se o fortalecimento da indústria interna e a oferta de maior quantidade de artefatos tanto para o consumo da população como para o comércio com outros países. O ministro responsável por essa política foi Jean Colbert, por isso tal política ficou conhecida como Colbertismo. Na Inglaterra destacou-se inicialmente o incentivo maior ao comércio, por meio do desenvolvimento da marinha inglesa e de uma política de manutenção de uma balança comercial favorável.
Sistema colonial



Uma das principais consequências do mercantilismo foi a montagem do sistema de exploração colonial, que marcou a conquista e a colonização de toda a América Latina, além de regiões da Ásia e da África. Na verdade, o sistema colonial desenvolveu-se como uma continuação da política econômica do mercantilismo. De acordo com essa política, o Estado deveria enriquecer-se por meio do crescimento das atividades comerciais. E foi através da exploração colonial que as nações européias realizaram esse objetivo.

Problema: concorrência entre países
Seguindo os princípios mercantilistas, diversos Estados europeus passaram a acumular metais preciosos e a proteger seus produtos em busca de uma balança de comércio favorável. Surgiu, com isso, um choque entre os interesses econômicos de um país mercantilista com os de outro concorrente também mercantilista. Motivo: quando dois concorrente só querem ganhar e levar vantagem um sobre o outro, os negócios entre ambos ficam travados pela ganância de cada um.
Solução: dominação colonial

Esses Estados perceberam que a solução ideal seria cada país mercantilista dominar uma região colonial. Nas colônias, então, ele poderia controlar o seu comércio, impondo preços e produtos e obtendo o máximo de lucros possível.
Foi dessa forma que surgiu o sistema de exploração das colônias, e as nações mercantilistas européias formaram seus impérios coloniais.
Característica básicas

O colonialismo mercantilista, enquanto sistema de dominação (pacto colonial), funcionou com as seguintes características:

1. Produção complementar - a vida econômica da colônia era organizada em função da metrópole. Ou seja, a colônia deveria complementar a produção ou satisfazer os interesses da metróple. A colônia jamais poderia desenvolver uma produção voltada para seus interesses internos. Assim, o sistema colonial mercantilista transformava a colônia numa reserva de mercado, isto é, num território para exploração exclusiva da metrópole.
2. Monopólio comercial - a metrópole tinha o direito exclusivo de realizar o comércio com a colônia. Utilizando esse direito, a metrópole comprava os produtos coloniais pelo mais baixo preço possível e vendia as mercadorias metropolitanas pelo mais alto preço admissível.













quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A Formação dos Estados Nacionais e do Absolutismo

Na Alta Idade Média, os senhores feudais e o clero detinham quase completamente o monopólio da riqueza e da força militar e aplicavam a justiça segundo sua vontade, sendo o rei não raramente uma figura sem grandes poderes na vida dos reinos. A partir do século XI, no entanto, esse quadro começa a mudar, em função das atividades comerciais e do desenvolvimento dos núcleos urbanos.
A importância adquirida pela atividade comercial fez com que o critério de identificação de riqueza deixasse de ser somente a posse de terras e passasse a ser também a moeda, riqueza que podia ser guardada ou trocada por outras mercadorias. Além disso, a atração que os servos tinham pelas cidades e as novas atividades que ofereciam, levava-os a fugir dos dominios feudais, ajudando a enfraquecer o poder dos senhores. Ditado da época " o ar da cidade liberta"
Por outro lado, a fragmentação do poder político dificultava o comércio, pois não havia uniformidade territorial de leis, moedas, pesos e medidas. Interessados em manter seu ritmo das trocas comerciais, que crescia rapidamente, os burgueses da sociedade européia decidiram investir na centralização do poder, intaurando e defendendo o poder real. Desse modo, contribuiu para a formação de um exército mercenário a serviço do Estado que garantisse a autoridade do monarca. Pois com o desenvolvimento de uma economia mercantil, a burguesia tornava-se uma classe social cada vez mais importante, passando a rivalizar com a nobreza. Essa centralização acabou servindo também à nobreza, já que garantia a ordem contra as rebeliões rurais e mantinha a maior parte dos privilégios dos senhores.

Assim, o Estdo, cada vez mais forte até se tornar absoluto, tentava promover o desenvolvimento comercial e o da economia em geral, de onde vinham os recursos do Estdo. Ao mesmo tempo, procurava manter a sociedade hierarquizada, na qual a nobreza e clero compunam a classe social privilegiada.
O Estado ao mesmo tempo que criava medidas que enfraqueciam o feudalismo e consequentemente os senhores. Nesse sentido o rei agia contra a nobreza, mas mantinha os seus privilégios tradicionais, como isenção de impostos e justiça especial, quando não criava novos, como pensões ás custas do Estado.
Esse processo de formação do Estado centralizado em detrimento dos poderes locais da nobreza tradicional foi longo e dificil. Para superar a justiça particular dos senhores, os rei criaram inicialmente os "tribunais de apelação", aos quais todo homem livre poderia recorrer após ser condenado por um tribunal feudal. Além disso, foram criados corpos de juizes itinerantes, que exerciam a justiça real por todo o reino, além das "ordenações reais", leis válidas para todo o reino. Com isso, lentamente, a justiça real foi suplantando o poder de justiça da nobreza e da própria igreja ( os tribunais eclesiásticos), até ao ponto de colocar o poder judiciário sobre o total controle do Estado absoluto.
O apoio do rei às atividades econômicas era feito com uma série de medidas intervencionistas que submetiam a economia a uma rígida regulamentação, configurando uma política econômica denominada mercantilismo. Ver mais Mercantilismo:http://historiamaneco.blogspot.com/2010/02/mercantilismo.html

Teóricos do absolutismo

O fortalecimento do poder real era defendido por vários pensadores da época, os quais publicaram livros argumentando que somente um governo fortemente centralizado seria capaz de pôr fim à desordem reinante. Um dos mais importants foi o renascentista italiano Nicolau Maquiavel, autor de O Príncipe. Ele afirma que em nome da ordem interna, da unidade nacional, da segurança e da prosperidade, é válido o governo absoluto . Afinal, como ele próprio afirmava, "os fins justificam os meios". Segundo sua teoria o Estado estava acima dos indivíduos. Na Inglaterra o grande nome foi Thomas Hobbes, autor de O Leviatã.Considera que a sociedade, inicialmente, viviam em estado natural, na mais completa anarquia. Para se protegerem da violência, os indivíduos, espontaneamente, abrem mão de seus direitos  em nome do rei.Este, com o consentimento dos súditos, tem um poder ilimitado. Desenvolve a teoria dp "homo homini lupus" ( o homem é o lobo do próprio homem), segundo o qual, apenas um Estado forte e organizado pode proteger os mais fracos das ambições e violência dos mais fortes. Na França, destacou-se o cardeal Jacques Bossuet , segundo o qual o rei era o representante de Deus na terra e, por direito divino, não devia satisfação de seus atos, era a Teoria do Direito Divino dos Reis.
A monarquia absolutista na França

Na França, o absolutismo seria mais consistente e duradouro. A autoridade real e o sentimento de nacionalidade começaram a se fortalecer no país após a vitória na Guerra dos Cen Anos (1337-1453). Nas décadas seguintes, os monarcas ampliaram os territórios sob seu domínio e, aliados à burguesia, estenderam o controle real sobre a economia. A nobreza passou a integrar uma numerosa corte. Formou-se, assim, uma grande aliança entre o monarca, os burgueses e os nobres, que duraria até a Revolução Francesa ( 1789)
No governo  de Luís XIV (1643-1715), o absolutismo chegou ao auge. Conhecido como o Rei Sol, ele passou a viver num clima de luxo exacerbado, na corte, no Palácio de Versalhes, fora de Paris. O modo de vida do rei tornou-se símbolo do absolutismo francês. A economia ficou a cargo do ministro Colbert, um burguês que levou ao extremo a política mercantilista. Colbert incentivou a criação de manufaturas e de companhias comerciais; e, Luís XIV envolveu a França em vários conflitos externos visando garantir as fronteiras já conquistadas e assegurar a supremacia no comércio marítimo. E para que ficasse bem claro a todos o seu po@ < ou a expressão "o Estado sou eu". veja mais:'>http://www.youtube.com/watch?v=-XbugJ92G4Q"target="blank"> Palácio de Versalhes:'>http://www.youtube.com/watch?v=xJ-e_fOYygg"target="blank">

O absolutismo inglês


A monarquia inglesa teve início em 1066, quando o duque da Normandia, William I (também conhecido como Guilherme, o conquistador), invadiu o país e impôs um governo centralizado. Mas o poder real era-e, de certa forma sempre seria - limitado. A Magna Carta, de 1215, e o Parlamento - instituição central na história política inglesa, criada em 1264- submetiam as decisões do soberano à aprovação dos nobres.

A primeira fase do abolutismo inglês começou após a Guerra das Duas Rosas (1455-1485), quando as duas mais importantes famílias da nobreza do país, Lancaster e York, se enfrentaram pela sucessão do trono. Elas praticamente se exterminaram mutuamente, abrindo caminho para que um herdeiro indireto de ambas assumisse o poder: Henrique VII, que fundou a dinastia Tudor. Com a nobreza enfraquecida e o apoio popular, em razão do fim das guerras, Henrique fortaleceu sua autoridade. Seu filho e sucessor, Henrique VIII, foi além, ao promover a Reforma Religiosa no país, rompendo com o papa e fundandp a Igreja Anglicana, subordinada diretamente a ele, e confiscou as terras e outros bens da igreja de Roma. Mas o auge do absolutismo inglês seria atingido entre 1558 e1603, no governo de Elizabeth I. Hábil administradora, ela conseguiu manter o Parlamento sob relativo controle e promoveu grande expansão da economia. Foi em seu reinado que a Inglaterra derrotou a Invencível Armada da rival Espanha e fundou a primeira colônia inglesa, na América( Virgínia, ), e não teve escrúpulos em adotar a pirataria como form de acumular riquezas. Após sua morte, o país viveria um período de conflitos entre o rei e setores ligados à burguesia que resultaria no fim do absolutismo. 
Elizabeth I:

Revista Guia do Estudante: História e Vestibular, 2009

O Fortalecimento das monarquias na península Ibérica



Espanha

O processo de unificação da Espanha esteve intimamente ligado à Reconquista, isto é, à guerra contra o domínio árabe na península. A luta exigia uma concentração do comando militar e a mobilização permanente de um exército, colocando nas mãos do rei um importante instrumento de poder . Embora a Reconquista significasse a expansão do feudalismo nos territórios retomados das mãos dos muçulmanos, ele era implantado em condições especiais que permitiram o fortalecimento de um poder mais centralizado. Com o casamento de Fernando, rei de Aragão, com Isabel, rainha de Castela, a luta contra os mouros se fortaleceu e, em 1492, estes foram definitivamente derrotados na peninsula com a queda do seu último reduto, Granada. Para manter o poder fortemente centralizado, os monarcas espanhois utilizaram a religião: todos os não-cristão, isto é, os judeus e os muçulmanos que permaneceram na Espanha, deveriam se converter. Foi a partir daí que o Estado espanhol se fortaleceu e reuniu condições para iniciar a expansão marítima e conquistar colônias.

Portugal: uma nação moderna
O reino de Portugal também se formou durante a Reconquista. Inicialmente  era parte do reino de Castela. No ano de 1139, D. Afonso Henrique, em clara rebeldia contra Castela, declarou-se independênte. A luta contra os mouros prosseguiu sob direção dos descendentes de D. Afonso até a conquista do Algarve, no ano de 1249. Mas a fator mais importante para o fortalecimento da monarquia portuguesa foi sua aliança com os mercadores. Estes eram protegidos pela Coroa e, em alguns casos, chegaram a receber títulos de nobreza, formando, assim, uma nova casta de nobres. A monarquia portuguesa pôde, com tal aliança, promover os emprestimos comerciais e marítimos que resultaram nos Grandes Descobrimentos. Um marco importante nesse processo foi a vitória de D. João de Avis, soberano colocado no trono por uma revolução apoiada pelos mercadores, pela nova nobreza e pelo povo em geral (1383-1385), contra um exército catelhano que tentava restaurar o domínio de Castela sobre o antigo condado.

As centralizações políticas que não se completaram: a Itália e a Alemanha

A formação de uma monarquia nacional não ocorreu na Alemanha e na Itália. Tanto em uma como em outra houve uma crise do feudalismo e uma tendência à centralização política, impulsionada pelas necessidades do comércio. Mas as forças políticas regionais conseguiram evitar que um poder central se firmasse. Assim, tanto a Alemanha como a Itália eram formadas, até a segunda metade do século XIX, por uma multiplicidade de Estados. Na Alemanha, muito mais fragmentada, havia ducados,reinos, cidades livres, estados governados pela igreja, principados. Embora teoricamente a Alemanha constituísse um império, incluindo não só estados com população germânica, mas também territórios habitados por eslavos, não era uma monarquia centralizada. Essa dificuldade em juntar todas essas unidades em uma Alemanha unificada teve como um dos motivos a Reforma Religiosa, que dividiu os alemães em católicos e protestantes. O mesmo ocorria na Itália, onde muitas regiões estavam sob domínio estrangeiro, outras eram governadas pela Igreja e havia ainda cidades independêntes com governos republicanos, ducados e reinos.

História da Civilização Ocidental de Antonio Pedro. volume único, ensino médio, ed. FTD.

Para refletir

Rei Sol e o luxo da corte de Versalhes
Tendo governado a França durante 54 anos, Luís XIV é o exemplo mais representativo do monarca absolutista. Foi preparado desde a infância pelo cardeal Richelieu para exercer o poder. Quando assumiu o trono, decidiu agir com autoridade total pois dizia ter recebido de Deus o dom de governar os franceses, segundo essa concepção a França deveria ter"um rei, uma lei e uma fé".
Era um homem extremamente orgulhoso, excêntrico e prepotente. Adotou como símbolo oficial de seu governo o sol para demonstrar que era o único centro que irradiava a luz da França. Sua corte no palácio de Versalhes chegou a atingir quase 6 mil pessoas. Uma corte caracterizada pelo luxo, pela ociosidade e pela adulação ao rei. Os gastos para manter suas mordomias eram fabulosos. O Palácio de Versalhes tinha 1,4 mil fontes e vários salões suntuosos - em apenas um deles, por exemplo, havia 357 espelhos. Ao todo,36 mil homens trabalharam em sua construção.


Mais: http://www.youtube.com/watch?v=S3ggJwXdS70

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Feudalismo: Baixa Idade Média



Começam as mudanças

A partir do final do século X, a Europa passou por um período de paz e segurança. Além disso, estavam ocorrendo alguns avanços na economia e na sociedade feudal. A população crescia, ao mesmo tempo em que a economia se dinamizava. A técnica empregada na gricultura também passava por profundoas transformações. Algumas inovações técnicas desse período foram: o arado de ferro ( charrua ) para lavrar,os arreios firmes para tração equina,o moinho de agua ( usado para moer cereais e azeitonas) para a força mecânica, o adubo calcário para a melhoria do solo e o sistema de três campos para a rotação de semeaduras,ou seja, a alternância de tipos de culturas em faixas de terra diferentes. Essas inovações proporcionaram a produção de excedentes destinados à troca. O comércio ganhou significatico impulso com o aumento da produção agrícola, o desenvolvimento do artesanato urbano e o maior contato com os povos orientais.



Além do comércio local, desenvolveram-se também grandes rotas de comércio internacional, destacando-se:
1. Rota comercial do norte - realizada através do mar do Norte, passava por cidades como Dantzig Hamburgo, Bremen, Bruges, Londres e Bordéus. O comércio dessa rota era comandado pela Liga Hanséatica, associação de comerciantes alemães.

2. Rota comercial do sul - realizada principalmente através do mar \Mediterrâneo, tendo como portos, Barcelona, Marselha, Gênova,Veneza e Constantinopla. Ai ocorria a comercialização de importações das especiarias ( cravo, canela, noz-moscada, pimenta) e artigos de luxo ( perfumes, tecidos de seda, porcelana, marfim ) do Oriente.

Interligando essas rotas, havia uma extensa rede de vias terrestres. Aos poucos, nos principis cruzamentos dessas vias, foram sendo organizadas grandes feiras comerciais. Entre elas destacavam-se as feiras das regiões de Champagne ( França ) e Flandres ( França e Bélgica), das cidades de Veneza e Gênova ( Itália ) e Colônia e Frankfurt ( Alemanha ).


O renascimento comercial e urbano

A população que crescia encontrou alimentos graças ao aumento da produção agrícola. As cidades, antes pequenas e acanhadas, cresciam com o excedente populacional. Essa população, que em parte se dedicava ao artesanato, necessitava cada vez mais de matéria-prima para suas atividades. Isso exigia que o campo aumentasse sua produção para vender para as cidades. Essa troca entre cidade e campo gerou uma especialização de produção. O campo produzia matéria-prima e alimnetos que eram vendidos para as cidades. Por isso os camponeses tinham todo o seu tempo ocupado nas atividades agrícolas e pastoris. Dessa forma compravam produtos manufaturados nas cidades, como calçados, tecidos e ferramentas, que antes eram confeccionados por eles mesmos. Isso criou uma dependência do campo em relação às cidades e ao comércio.

O aumento da produção artesanal, levou os artesãos a se organizarem em corporações do ofício, também conhecidas como guidas ou grêmios. As corporações tinham como objetivo defender os interesses dos artesãos, regulamentar o exercício da profissão e controlar o fornecimento do produto. Além disso, elas dirigiam o ensino artesanal, que se dividia em três estágios. aprendiz, oficial ( jornaleiro )e mestre. Somente o mestre podia estabelecer-se por contra própria, montando sua oficina de trabalho, pois tinha as ferramentas e a matéria-prima.

O crescimento urbano, o artesanato e a expansão comercial


De início, as feiras eram realizadas dentro de castelos fortificados ou dos burgos. Isso propiciava aos senhores feudais uma fonte de renda adicional, pois os comerciantes lhes pagavam taxas para comerciar em seu território.

As cidades medievais eram cercadas por altas muralhas protetoras que ajudavam a defendê-las durante as guerras. Tinham de 5 a 10.000 habitantes, e não possuiam infra-estrutura nem havia qualquer planejamento urbano.

Essas cidades nasceram dentro das terras da nobreza ou do clero. Com o passar do tempo, foram adquirindo, por força das armas ou do dinheiro, direitos que lhes garantiam autonomia administrativa e judiciária. O documento que lhes assegurava essa autonomia era chamado de carta de franquia. Essas cidades eram governadas pelo patriciado urbano, isto é, as camdas mais altas de mercadores e artesãos.


Com o tempo surge tensões entre os grandes mercadores e os pequenos artesãos: em alguns lugares formam-se municipios governados só por artesãos, como Florença, Estrasburgo; ou então por mercadores, como Veneza, Viena e Nuremberg.


Na região norte da Europa - em especial na Flandes - e no norte da Itália surgiu o maior número de cidades com atividades manufatureiras. As manufaturas abrangiam diversos setores: artigo de madeira, osso, couro e tecidos de lã.

Os lucros, nesse período, não vinham da produção artesanal, mas da circulação de mercadorias, isto é, os mercadores compravam os produtos por um preço baixo e os revendiam por um preço mais alto.


Fé em Deus e pé na estrada: As cruzadas e a expansão




O contexto religioso e a política da igreja

A hierarquia, que havia marcado as relações sociais durante o feudalismo, estendia-se também para as relações religiosas, ou seja, na relação entre Deus e os homens havia uma hierarquia: o homem havia recebido o direito de habitar a terra como se o planeta fosse um grande feudo; em troca tinha de jurar fidelidade a Deus prestando-lhe fidelidade e prestar-lhe serviço militar. Era como funcionava a relação entre um suserano e um vassalo .

Dessa forma se criou o argumento religioso-feudal que se organizou um grande exército de "vassalos" cristãos que deveriam lutar pelo seu "suserano", que era Deus. Eis as origens da idéia de guerra santa levada a cabo pelas cruzadas.

Era a luta contra os inimigos de Deus, fossem muçulmanos, heréticos, pagãos ou cristãos ortodoxos. O guerreiro era recompensados com a indulgência ( perdão dos pecados ),bem como sua esposa, caso lhe permanecesse fiel. Durante a guerra, os bens do cruzados eram administrados pela igreja e suas dívidas eram suspensas temporariamente.


A tomada da Palestina pelos turcos sejúlcidas impediu as peregrinações religiosas aos lugares santos de Jerusalém, costume da religiosidade medieval. Organizaram-se, então, expediçoes militares para resgatar a Terra Santa das mãos dos infiéis. Essas expedições receberam o nome de Cruzadas e seus integrantes usavam uma cruz como símbolo. Eram os guerreiros-vassalos do Cristo-suserano.

Internamente a igreja católica passava por crises. Havia sofrido forte golpe em 1054, no Cisma do Oriente, quando o alto clero de Constantinopla rejeitou a supremacia papal de Roma, dando origem a Igreja Ortodoxa. Era a oportunidade do papa de Roma recuperar o prestigio e a unidade da igreja, ajudando os bizantinos ( "irmãos do Oriente") contra o avanço muçulmanos em seu território.

O contexto social da época


As cidades comerciantes, como, Gênova e Veneza, que detinham a hegemonia do comércio entre Oriente e Ocidente, viram nas Cruzadas uma oportunidade de ampliar sua àrea de influência no Mediterrâneo. A própria expedição militar era um bom negócio, já que os italianos forneciam empréstimos, mantimentos,equipamentos e navios aos cruzados. Assim, as Cruzadas promoveram, também, a reabertura do comércio no Mediterrâneo, dominado pelos muçulmanos, possibilitando o renascimento do comércio nesse mar  - o que contribuiria decisivamente para a crise do feudalismo na Europa.

Os camponeses, por sua vez, ingressaram no movimento cruzadista sonhando com a conquista da liberdade. Os nobres almejavam, através das cruzadas obter terras e pilhar riquezas.

As Cruzadas para o Oriente

Foram oito as Cruzadas oficiais, que se estenderam de 1096 a 1270.

A primeira Cruzada ( 1096 - 1099 ) - Cruzada dos Nobres. Comandada principalmente por Godofredo de Bulhão, Raimundo de Toulouse e Boemundo, foi a única Cruzada que obteve efetivo sucesso, reconquistando Jerusalém em 1099, organizando a região de forma feudal. Possibilitou,ainda, a criação de ordens monásticas como as dos Templários e Hospitalários.


A segunda Cruzada, foi um fracasso. Ela foi motivada pela conquista de Edessa por parte dos muçulmanos. Jerusalém é reconquistada pelos islâmicos em 1187.

A terceira Cruzada (1189-1192), conhecida como Cruzada dos Reis, contou com a participação de Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra, Filipe Augusto, da França, e Frederico Barba Ruiva da Germânia.Sua convocação ocorreu quando da retomada de Jerusalém pelo sultão Saladino, em 1187. Frederico morreu a caminho e Filipe Augusto retornou à França; Ricardo combateu sem sucesso e finalizou a Cruzada estabelecendo um acordo com Saladino, que permitia a peregrinação cristã a Jerusalém.

A Quarta Cruzada ( 1202-1204) - Cruzada Comercial.Desviou-se de seus propósitos originais: em vez de dirigir-se à Palestina, rumou para Constantinopla, que ficou sob o dominio dos comerciantes de Veneza (os quais financiaram a Cruzada). A antiga capital dos cristãos ortodoxos transforma-se em entreposto comercial entre o Oriente e o Ocidente. Assim é reativado o comércio europeu de especiarias com aquela região.

As Cruzadas seguintes foi só fracassos. Os cristãos adotaram a estratégia de atacar o Egito para depois tomar Jerusalém. Mas os europeus são vencidos pelo poderio militar dos muçulmanos.

Cruzada dos Mendigos (1096). Movimento extra-oficial. Comandada por Pedro, o Eremita. Foi um movimento popular que bem caracteriza o misticismo da época. Foi massacrada pelos turcos.

Cruzada das Crianças (1212). Outro movimento extra-oficial, baseado na crença de que apenas as almas puras poderiam libertar Jerusalém. As crianças acabaram vendidas como escravas no Norte da África.

Cruzadas no Ocidente
As Cruzadas realizadas na Europa tomaram três direções: a Reconquista, na peninsula Ibérica; a expansão cristã nas terras eslavas; e a Cruzada albigense no sul da França.No século VIII a península Ibérica caiu sob o dominio muçulmano. Ali situava-se a cidade de Santiago de Compostela, importante centro de peregrinação. No século XI a igreja passa a conceder indulgências àqueles que participavam da Reconquista. A igreja chegou ao ponto de proibir aos ibéricos de ir à Terra Santa.

As terra conhecidas como "leste europeu" (leste do rio Elba) eram habitadas pelos povos eslavos (pagãos). Como a igreja estava interessada em firmar-se perante o Sacro Império Romano-Germânico, apoiou a expansão alemã para o leste. A partir de 1230 formou-se uma Cruzada permanente contra os povos do leste (atual Rússia), subjulgando a região báltica. As pilhagens e as guerras reforçaram a autoridade dos príncipes locais (nobres) fragmentando o poder alemão, que resultou na criação de um verdadeiro Estado na região da Prússia, controlado pela Ordem dos cavaleiros Teutônicos( alemães).
As Cruzadas também se destinaram a combater os hereges, isto é, aqueles que não seguiam os dogmas e as práticas estabelecidas pela igreja. Dai uma grande Cruzada contra os cátaros, do sul da França, cujo principal centro era a cidade de Albi. Cátaro significa "puro". Eles contestavam o uso de armas, o matrimônio, odireito de propriedade e, principalmente, a autoridade da igreja romana. Por isso os poderosos da igreja, da monarquia francesa (interessados em fortalecer seu poder) e os nobres do norte da França ( interessados nos bens dos heréticos) organizam um tribunal da igreja onde ralizam o extermínio dos albigenses.Portanto as Cruzadas orientais, se no sentido religioso não alcançou seu objetivo, ou seja, os turcos recuperaram quase todos os territórios conquistados pelos cristãos. Entretanto,no sentido econômico não poderia ter sido melhor para os mercadores, uma vez que os cruzados, combatendo os muçulmanos, acabaram com o controle exercido por eles sobre a navegação no Mediterrâneo Oriental. Com isso, o comércio, que já vinha se desenvolvendo no interior da Europa e sobretudo nas cidades italianas, recebeu um novo impulso. Abriu-se o mundo Oriental com toda a sua riqueza cultural e material para a Europa que está "louca" para sair do atraso e abrir as portas para o progresso e desenvolvimento.Personagens: Templários: os cavalheiros de Cristo
A Ordem dos Pobres Cavalheiros de Cristo, também conhecidos como Ordem do Templo, ou Templários começou como um elevado modelo de fé e entrega cristã e terminou perseguida pela Inquisição como uma seita de hereges.

Hospitalários: Surgidos em 1099 em Jerusalém, para acolher e cuidar dos peregrinos doente, passaram em 1120 a também ser uma ordem militar-religiosa. Após a perda da Terra Santa se transferiram para a ilha de Malta, donde foram expulsos pelos britânicos em 1800. Existem até hoje como uma organização internacional de caridade.

As crises do século XIV e a decadência do feudalismo

Anos de fome e peste

Todo esse florescimento ocorrido na Europa entre os séculos XI e XIII, contudo, sofreu sério abalo a partir do século XIV. Por essa época, uma conjunção de fatores levou os europeus a enfrentar uma profunda crise econômica e social que transformou o continente em palco de inúmeras revoltas e lugar de desolação, medo, fome e morte.
Um desses fatores foi a instabilidade econômica decorrente da conquista de territórios do Império Bizantino pelos turcos-otomanos a partir do século XIV. Os bizantinos eram parceiros comerciais da Europa Ocidental e seu declínio fez com que a economia européia se retraísse.

Além disso, nesse período a sociedade européia foi assolada por secas prolongadas que prejudicaram a agricultura e dixaram parte da população sem alimentos. Em 1315 e 1316 a fome foi tão grande que, segundo alguns relatos, muitos recorreram ao canibalismo.
Ditado da época: "Depois da fome, a peste come."

Para piorar, em meados do século XIV a Europa viveu uma das maiors catástrofes da sua história:a Peste Negra. A doença, conhecida como peste bubônica, chegou em 1347 por meio de um navio genovês vindo do Oriente e espalhou-se rapidamente pelo continente.

A enfermidade era transmitida pela bulga de ratos contaminados e pelo contato com pessoas infectadas. As péssimas condições de vida e de higiene de boa parte da população fcacilitaram a proliferação da doença, que é letal. Calcula-se que tenha morrido de Peste Negra cerca de 25 milhões de pessoas, ou seja, quase um terço de toda a população européia, entre 1347 e1350.

As transformações sociais
Toda essa situação acelerou o processo de desagregação do feudalismo, pois tornou escassa a mão-de-obra e dizímou parte da nobreza, concentrando o poder e a propriedade da terra. A reação da nobreza e do patriciado urbano contra as reivindicaçoes dos trabalhadores se torna cada vez mais violenta.

As obrigações servis em produtos e trabalho foram gradativamente substituídas por pagamentos de uma quantia fixa em dinheiro, o que garantia uma estabilidade dos rendimentos para a nobreza e estimulava o camponês a aumentar a produção. Em alguns lugares os senhores passaram a exercer uma superexploração sobre o camponês levando-o a total exaustão.Esse fato levou a uma estagnação maior da produção. A crise do feudalismo só aumentava.

Diante da crise, camponeses e trabalhadores urbanos passaram a exigir maiores ganhos. A nobreza tentava limitar mais o rendimento dos trabalhadores. O resultado desse conflito foi uma onda de rebeliões camponesas que se estendeu às cidades.
Em fim, uma das pricipais transformações sociais decorrentes da crise do sistema feudal foi a consolidação de uma nova classe social: a burguesia ( habitantes do burgo-cidade). Essa classe nasceu dentro do próprio feudalismo e cresceu com sua expansão econômica. Dominava as atividades comerciais, artesanais e bancárias.Com o empobrecimento da nobreza, os burgueses passaram a comprar terras dos senhores feudais e a investir na produção agrícola. Essa classe foi muito importante na desagregação do feudalismo, pois começou a deslocar, lentamente, o eixo da economia para as atividades comerciais urbanas.

A Guerra dos Cem Anos ( 1337- 1453)

A Guerra dos Cem Anos teve como principais personagens as duas maiores potências do século XIV: a Inglaterra e a França. Por séculos, seus reis disputaram a posse dos territórios situados no norte da Europa. Durante a chamada Baixa Idade Média, franceses e ingleses mantiveram entre si um extenso relacionamento de cooperação e confronto, marcado pelos interesses políticos.

A morte do último rei da dinastia capetíngia, Carlos IV, originou uma acirrada disputa pela sucessão do trono francês. Eduardo III, rei da Inglaterra, reivindicava direitos ao trono da França, por ser neto, por linhagem materna, de Filipe, o Belo. Tal reivindicação, no entanto, esbarrava na Lei Sálica, segundo a qual, na França, o poder real devia ser transmitido pela linhagem masculina. Sem outro representante real à disposição, a coroa francesa passou a ser usada por um sobrinho do rei Filipe, chamado Filipe de Valois (Filipe VI). Os ingleses discordaram da decisão, continuaram a reclamar os direitos de Eduardo III e mobilizaram seus exércitos na direção da França.
Nessa disputa, a região de Flandes tomou um partido que já denunciava os rumos do conflito. Essa região era ligada à Inglaterra por fortes laços econômicos e políticos: eram as lãs inglesas que alimentavam a indústria de tecidos flamenga, mas eram os ingleses, por outro lado, que compravam e comerciavam seus tecidos. Na questão sucessória francesa a nobreza flamenga colocou-se ao lado de Filipe de Valois, enquanto a burguesia apoiava o rei da Inglaterra.
A coroação de Filipe VI provocou um conflito armado na região. Para auxiliar os burgueses flamengos, Eduardo III enviou tropas e conseguiu dominar Flandres. Tal atitude levou a França a declarar guerra à Inglaterra, em 1337, dando início à Guerra dos Cem Anos.
A superioridade militar dos ingleses, com seus exércitos de arqueiros usando arcos longos e seus conbatentes armados de cutelo, foi inegável nas primeiras batalhas. As vitórias inglesas tornaram difíceis as condições de vida dos camponeses da França. A destruição das plantações e os altos impostos cobrados para sustentar a guerra geraram um enorme descontentamento popular, causando violentas revoltas de camponeses contra a nobreza, denominadas Jacquerie, em alusão a Jacques Bronhomme, expressão que os nobres franceses usavam para designar o homem do campo e que poderia ser traduzida como "João-ninguém".
Foi após a morte de Carlos V que a França encontra-se dividida em dois partidos, que disputam entre si o poder: os Armagnacs e os Borguinhôes.
Após longos anos de luta, quando finalmente foram derrotados pelos armagnacs, os borguinhões aliaram-se aos ingleses, permitindo à Inglaterra voltar à ofensiva. Saindo-se novamente vitoriosa, em 1420, a Inglaterra impôs à França o Tratado de Troyes, segundo oqual o rei inglês Henrique V assumiria o trono francês. Assim, em 1422, a França encontrava-se dividida em dois reinos: no norte, governada pelos ingleses, e no sul reinava o francês Carlos VII, com o apoio dos armagnacs.
Embora humilhado por tantas derrotas e privações, o povo francês empreendeu a luta pela libertação de seu país animado por um profundo sentimento nacionalista, que Joana D'Arc conseguiu despertar no povo um profundo sentimento nacionalista, levando-os a libertar França do dominio inglês.
Em fim, a Guerra dos Cem Anos teve,um grande significado para a nação francesa, pois enquanto debilitava as estruturas medievais, provocando a ruína política e econômica dos senhores feudais, permitia a consolidação de um novo Estados nacional, com o auxílio da burguesia.
Personagem :

Joana D'Arc - A jovem que se fez passar por soldado e ajudou a França a vencer a guerra.

Filha de humildes camponeses, tornou-se o maior mito desse período.Com 18 anos dizia-se enviada por Deus para expulsar os ingleses da França, e seu patriotismo e fervor religioso contagiaram os franceses.Integrando-se no exército real,liderou diversos combates que resultaram em vitória para os franceses. Libertando boa parte da França central, levou Carlos VII a Reims, no norte do país, onde o rei foi coroado segundo as antigas tradições.

Em 1430, aprisionada pelos borguinhões, Joana D'Arc foi entregue aos ingleses e julgada por um tribunal eclesiástico. Acusada de heresia e condenada à morte, foi queimada em praça pública, na cidade de Rouen, em 1431. Heroína da Guerra e mártir da Inquisição, a jovem foi canonizada tanto pela igreja quanto pelo nacionalismo francês nos séculos posteriores à sua morte.


Cultura Medieval

A notável influência da igreja sobre o pensamento e a cultura medievais apoiou-se em sólidas bases materiais: ao longo dos séculos, a igreja se organizou politicamente, adquiriu inúmeros feudos e ganhou prestígio junto aos reis e à nobreza, além de comandar mentalidade religiosa popular. Assim, acultura medieval passou a refletir, de certa forma, o pensamento da igreja, fenômeno esse conhecido como teocentrismo cultural, isto é, que subordinava o mundo às leis de Deus. Noentanto, com a passagem de uma sociedade de economia quase exclusivamente agrária para outra, caracterizada pela crescente participação de atividades urbanas, promoveu mudanças também na vida cultural e intelectual da Europa.
Ainda que a influência da religião cristã fosse predominante durante a Baixa Idade Média, começou a se desenvolver uma cultura leiga, isto é, fundamentalmente preocupada com as coisas deste mundo. Essa nova cultura foi criada pela burguesia, principalmente por meio das Universidades que surgiram nas cidades medievais, assinalando o século XIV o início do Humanismo. O Humanismo vinha a ser um retorno a antiguidade clássica, a volta da valorização do homem. O repensar da humanidade. O homem passa a pensar a sua própria situação. Esta idéia também parte do descontntamento do baixo clero, que começa a questionar os seus ensinamentos.
O homem passa a reafirmar novas idéias sobre a política, economia, ciência, arte, religião etc. Entretanto, a igreja continuava a usar de métodos para impedir os novos estudos na tentativa de manter o domínio do saber na Europa.
Arquitetura

A arquitetura religiosa foi a mais expressiva das manifestações artísticas medievais. Dois grandes estilos definem a estética arquitetônica medieval: o românico e o gótico. O românico, mais antigo, teve seu apogeu entre fins do século XI e meados do século XII. Suas características marcantes são a monumentalidade da construção e a horizontalidade, com grossas paredes de pedra, maciços pilares e abóbadas, circulares. As igrejas românicas representavam "fortalezas de pedra", locais em que os homens experimentavam a proteção de Deus e a sua autoridade,e assumiam uma atitude introspectiva ( provocada pela pouca luz e pelo predomínio da horizontalidade ).
O gótico, ao contrário do românico, apresenta paredes finas, sustentadas por arcobotantes ( suporte externos ao edifício), janelas enormes e luminosos vitrais, arcos em forma de ogiva, torres esguias e pontiagudas. A construção gótica expressava uma concepção teológica - a da escolástica nascente: é uma arquitetura de luz, lucidez e lógica. Na igreja gótica, o homem sente-se partícipe da criação divina e assume uma atituede de busca de Dues através da transcendência ( verticalidade).



Filosofia e religião

Tomás de Aquino buscou elaborar uma doutrina que conciliasse a fé e a razão. Ele se opós à filosofia de Santo Agostinho. Enquanto Agostinho se baseava na doutrina de Platão ( o mundo "ideal" das idéias abstratas), Aquino voltava-se para os estudos de Aristóteles, para construir uma filosofia que tomava como ponto de partida a racionalidade das coisas do mundo cotidiano.

Aquino, em sua obra  Suma Teológica, defendeu a  predestinação do homem e admitia que em suas ações, este agia segundo o livre-arbítrio, ou seja, a liberdade para escolher entre a salvação ou a perdição. Outras idéias defendidas por Tomás de Aquino estão diretamente associadas com os "novos tempos" em que as práticas comerciais definiam uma nova ordem política e social. Ele defendia o "justo preço", pregando que um produto deveria ser vendido pelo valor da metéria - prima empregada, somado ao valor do trabalho exigido, reprovando, portanto, a "ambição de ganho" Considerava igualmente os emprétimo a juros, a chamada usura, prática comum entre mercadores financistas presentes em muitas cidades européias.