segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A Extrutura sócio-econômica do Brasil colonial

Foto de parte de um engenho de açúcar.
Fonte: infoescola.com

Os sofisticados mecanismos da máquina de moer cana eram movidos pelos bois atrelados á grande alavanca. Em geral havia um machado por perto. Se o escravo ficasse preso na engrenagem, o machado lhe amputaria o braço.


A economia do Brasil colônia foi sempre voltada para o benefício de Portugal. Inserida no contexto do mercantilismo europeu, foi caracterizada pelo pacto colonial, segundo o qual os brasileiros só podiam comercializar produtos com os portugueses, de modo que esses últimos  compravam barato, vendiam caro e ainda tinham exclusividade na exportação das mercadorias do Brasil a outras nações. A grande maioria dos lucros ia para a metrópole, especialmente para os cofres da Coroa portuguesa, que cobrava altos impostos sobre a exploração dos produtos coloniais. As principais atividades econômicas realizadas no período  em nosso território foram a extração do pau-brasil, a produção de açúcar, a mineração e a pecuária.

PAU_BRASIL: A mão de obra indígena

A primeira riqueza percebida por Portugal foi o pau-brasil( ibirapitanga, em tupi), madeira então abundante em nosso litoral, usada como matéria-prima para a fabricação de tinturas.
O pau-brasil, árvore que crescia por quase todo o litoral, media cerca de 20 a 30 metros, de seu tronco vermelho os índios extraiam tinta para colorir as penas branca com que se enfeitavam.

Existente também na Ásia, o pau-brasil já era conhecido na Idade Média pelos europeus, que utilizavam seu corante para tingir tecidos. Entretanto, com a conquista de Constantinopla pelos otomanos, em 1453, e o bloqueio do comércio pelo Mediterrâno, o preço da madeira subiu muito. Por isso a descoberta de pau-brasil na América foi uma boa para Portugal. Sua exploração se tornaria a principal atividade econômica dos portugueses na região de 1500 a 1530,conhecido como perído Pré-colonial.

A Economia Açucareira: trabalho escravo  1550-1650

Os primerios povoadores vieram ao Brasil atraídos peloa possibilidade de encontrar metais e pedras preciosas e, assim, enriquecer rapidamente. Não tiveram sorte. Mas havia uma alternativa: a cana-de-açúcar.
Desconhecido na Europa até o começo do século XII, o açúcar chegou ao continente ainda durante a Idade Média por intermédio de mercadores árabes e cruzados. Além de ser utilizado como adoçante, era empregado para conservar alimentos - no caso das frutas cristalizadas- e no fabrico de remédios.
Produzido em pequena escala, era considerado especiaria de luxo: apenas nobres e reis tinham condições de comprá-lo. Seu valor era tão alto, que pessoas indicavam em testamento quem deveria herdar, após sua morte, o açúcar que lhes pertencera em vida. Portanto, a Europa era um promissor mercado consumidor, o que significava aos portugueses, grandes lucros. Além disso, Portugal já possuía experiência na produção de cana nos Açores e na  Ilha da Madeira. Entretanto, faltava aos portugueses capital inicial e uma eficiente infra-estrutura de distribuição. Essa questão foi resolvida com uma parceria com os holandeses, que já fretavam o açúcar produzido por Portugal nas ilhas do Atlântico.
O sistema instalado foi o de plantation, cujas características eram:

  • Grandes propriedades (latifúndios) monoculturas (dedicadas a apenas um produto) - os engenhos.

  • Mão-de-obra escrava (primeiramente indígena; depois africana).

  • Produção voltada para o mercado externo.

  • Regiões: litoral do Nordeste, Bahia e Pernambuco.
Os latifúndios monocultores e a escravidão permitiam uma produção vasta a baixos custos - o que levava a altos lucros. O destino era unicamente a exportação, uma vez que Portugal não tinha o menor interesse em desenvolver a economia interna brasileira. Os lucros que permaneciam no Brasil eram poucos e ficavam nas mãos dos senhores de engenho - os donos dos latifúndio-, resultando em grande concentração de renda.
Segundo Jorge Caldeira no livro A nação mercantilista, o negócio do açúcar se transformou em um mercado global: o financiamento vinha da Holanda; a produção se fazia no nordeste da colônia; o refino, também na Holanda; os consumidores eram da Europa; a mão-de-obra vinha da África; parte dos insumos, na Europa: outra parte, em vários pontos da América do Sul. 
Até meados do século XVII, a colônia portuguesa liderou a produção açucareira mundial. A partir de então, problemas internos - como secas e a destruição de engenhos nordestinos durante a Insurreição Pernambucana -e, mais tarde, externos - como a forte concorrência dos produtores holandeses da região das Antilhas - provocaram a lenta decadência da economia do açúcar na colônia portuguesa da América.
A produção de açúcar foi a principal atividade econômica do Brasil colonial durante os séculos XVI e XVII, sendo ultrapassada no século XVIII pela mineração. 



obs: O engenho era unidade de produção onde se loca
lizavam os canaviais, as plantações de subsistência, a fábrica do açúcar - com sua moenda, a casa das caldeiras e a casa de purgar -, a casa-grande, a senzala, a capela, a escola e as habitações dos trabalhadores livres - como o feitor, o mestre do açúcar, os lavradores contratados, etc.