A ex. escrava Chica da Silva sendo conduzida por suas escravas.Fonte:Cristinavela.blogspot.com |
Entre as personagens históricas do Brasil colonial, uma que se tornou famosa é Chica da Silva. Chica era escrava e tinha entre 18 e22 anos quando o contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira a comprou de seu antigo dono e a libertou.
João Fernandes e Chica da Silva viveram em concubinato por 16 anos e tiveram 13 filhos.
A única maneira de mulheres negras ou mulatas conseguirem ascender socialmente era através do concubinato. Como no Distrito Diamantino havia poucas mulheres brancas em relação ao número de homens, e os casamentos inter-raciais eram proibidos, a possibilidade de concubinato era grande.
Chica da Silva era proprietária de um grande sobrado, tinha roupas finas, joias e numerosos escravos. Adquiriu importância social na fechada sociedade de Diamantina graças ao seu relacionamento estável com o homem mais poderoso do Distrito Diamantino.
A personagem entrou para o imaginário nacional por meio de um filme dirigido por Cacá Diegues em 1976, Xica da Silva, estrelado por Zezé Motta. Entre 1996 e 1997 foi levada ao ar a novela Xica da Silva. Produzida pela extinta TV Manchete, o papel principal foi protagonizado por Tais Araújo. Tanto o filme como a novela retrataram Chica como uma mulher sensual, de imenso apetite sexual e perversidade equivalente.
lagem da frente da casa onde viveu Xica da Silva.Fonte:viagemesabor.com.br |
Desconstruindo o mito
Com base em inúmeras pesquisas, a historiadora Júnia Furtado desconstruiu essa imagem. No livro Chica da Silva e o contratador de diamantes: o outro lado do mito (São Paulo: Cia. das Letras,2003), a historiadora afirma que Chica não foi muito diferente de outras negras libertas de sua época. Não era uma devoradora de homens, tampouco uma mulher perversa. Também não foi uma heroína da causa negra, como defendem alguns. Chica da Silva teve muitos escravos e não alforriou nenhum.
A alforria e o concubinato com o contratador de diamantes foram formas de Chica da Silva incorporar valores da elite branca e possibilitar sua inserção, assim como a de seus descendentes na sociedade mineradora.
O casal Chica da Silva e João Fernandes deu educação formal a todos os filhos. Após o retorno de João Fernandes a Portugal, Chica da Silva manteve seus bens e a sua posição social até morrer, em 1796.
Um fato incomum
Fonte: redemanchet.net |
A história de Chica da Silva e João Fernandes de Oliveira ilustra o desenvolvimento do arraial do Tijuco, no coração do Distrito Diamantino. Para lá, onde em 1729 foram encontrados diamantes, logo foram enviados os contratadores. Eles organizariam a exploração das pedras para o governo de Lisboa, para onde enviariam o quinhão reservado à Metrópole.
Um dos contratadores foi o pai de João Fernandes, que, ao chegar de Portugal, encontrou uma arraial habitado principalmente por mulheres negras. Portanto, eram comuns as relações entre brancos e negras. João Fernandes veio ao Brasil substituir o pai. Conheceu Chica, comprou-a e deu-lhe alforria, um fato incomum entre os proprietários mineiros.
Até aqui, texto extraído do livro de Ensino Médio História Ser Protagonista, organizado por Fausto Henrique Nogueira e Marcos Alexandre Capellari, edições SM, São Paulo,2010.
Um pouco mais de Chica da Silva
Seu nome era Francisca, sendo filha de Maria da Costa (negra) e do português Antônio Caetano de Sá. Era escrava de Mauel Pires Sardinha, com quem teve um filho, o Simão, libertado pelo pai logo após o batismo. Em 1753, foi comprada e alforriada por João Fernandes de Oliveira. Passou a ser chamada de Francisca da Silva de Oliveira. Viveu com o português entre 1753 e 1770. Teve com ele 13 filhos, todos reconhecidos por João Fernandes. Noentanto nunca casou com Chica da Silva, nome pelo qual ficou conhecida.
Chica da Silva adotou os costumes dos grupos de elite de Minas Gerais. Aprendeu a ler e a escrever, foi proprietária de muitos escravos e de uma casa com capela.
João Oliveira voltou a Portugal em 1770, mas manteve contato e deu apoio a todos os filhos, concendendo dotes às filhas que casaram com pessoas da elite. Chica morreu em 1796, recebendo cortejo fúnebre de elite.
Durante sua vida Chica comportou-se não como uma ex-escrava comum da época. Após sua alforria, conseguiu prestigio social na sociedade mineira.
Até aqui, texto extraído do livro de Ensino Médio História Ser Protagonista, organizado por Fausto Henrique Nogueira e Marcos Alexandre Capellari, edições SM, São Paulo,2010.
Um pouco mais de Chica da Silva
Seu nome era Francisca, sendo filha de Maria da Costa (negra) e do português Antônio Caetano de Sá. Era escrava de Mauel Pires Sardinha, com quem teve um filho, o Simão, libertado pelo pai logo após o batismo. Em 1753, foi comprada e alforriada por João Fernandes de Oliveira. Passou a ser chamada de Francisca da Silva de Oliveira. Viveu com o português entre 1753 e 1770. Teve com ele 13 filhos, todos reconhecidos por João Fernandes. Noentanto nunca casou com Chica da Silva, nome pelo qual ficou conhecida.
Chica da Silva adotou os costumes dos grupos de elite de Minas Gerais. Aprendeu a ler e a escrever, foi proprietária de muitos escravos e de uma casa com capela.
João Oliveira voltou a Portugal em 1770, mas manteve contato e deu apoio a todos os filhos, concendendo dotes às filhas que casaram com pessoas da elite. Chica morreu em 1796, recebendo cortejo fúnebre de elite.
Durante sua vida Chica comportou-se não como uma ex-escrava comum da época. Após sua alforria, conseguiu prestigio social na sociedade mineira.